Javier Milei completou nesta segunda-feira (18) cem dias na presidência da Argentina. Nesse período, ele usou as redes sociais de forma frenética e fez um forte ajuste fiscal com corte de despesas. Seu estilo confrontador e a altíssima inflação, em parte herdada do governo anterior, tornaram mais tenso o clima político e social no país.
Ao mesmo tempo, o novo presidente reconstruiu as reservas argentinas e alcançou um superávit fiscal sem precedentes. O principal lema dos cem primeiros dias foi “no hay plata” (não há grana), justificativa para o corte de gastos e a restrição de subsídios para tirar as contas públicas do vermelho.
Derrotas no Congresso
O plano de Milei para desregulamentar a economia argentina iria ser concretizado por duas leis:
- Um “decretaço”, uma espécie de medida provisória, que revoga ou modifica mais de 300 normas da administração pública argentina.
- Um projeto de lei batizado de lei “ómnibus”, que em sua versão original continha mais de 600 artigos.
Os dois projetos sofreram derrotas no Congresso, onde o partido de Milei é minoria. A lei “ómnibus” foi retirada de pauta na Câmara dos Deputados, e o megadecreto foi rejeitado no Senado (o texto ainda está em vigor até ser votado pelos deputados).
Milei mantém boa popularidade: uma pesquisa da Opina Argentina apontou que ele tem imagem positiva para 52% dos entrevistados; o índice está estável desde o início do mandato, em dezembro.
Essas derrotas no Legislativos, no entanto, mostram que o presidente não conseguiu usar sua popularidade para forçar os deputados e senadores a votarem como ele quer e nem negociar com o Legislativo. (G1)