Brasília, 22/11/2024

187 países se pronunciam contra o bloqueio dos EUA a Cuba na Assembleia Geral da ONU

Mais uma vez, a imensa maioria dos países do mundo expressou de forma inequívoca sua condenação ao bloqueio que os Estados Unidos mantêm contra Cuba e exigiram o fim da imposição unilateral.

Após dois dias de debates, nos quais representantes de mais de 60 países tomaram a palavra para condenar as ações de Washington, a resolução foi aprovada por uma maioria esmagadora: 187 países votaram a favor da proposta de Cuba, tendo apenas uma abstenção (Moldávia) e os dois tradicionais votos contra dos Estados Unidos e de Israel.

A resolução apresentada por Cuba se baseia na “igualdade soberana dos Estados, na não intervenção e na não interferência em seus assuntos internos e na liberdade do comércio e da navegação internacionais, consagrados em numerosos instrumentos jurídicos internacionais”.

Os países também expressaram sua oposição à inclusão de Cuba na lista unilateral elaborada por Washington de “países que patrocinam o terrorismo“. Pronunciaram-se categoricamente a favor da retirada de Cuba da lista, afirmando que a nação caribenha tem se caracterizado por sua solidariedade em tempos de crises nacionais e internacionais.

Todos os anos, desde 1992, Cuba tem apresentado o texto ao mais alto órgão deliberativo e representativo das Nações Unidas. Desde então, ano após ano, a resolução tem sido adotada por uma maioria esmagadora. Apenas com o voto contrário dos Estados Unidos e de Israel, junto com um aliado ocasional.

Por meio de sua conta no X/Twitter, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez comemorou o triunfo, afirmando que “o pequeno Davi derrotou mais uma vez o gigante Golias”, acrescentando que “a pequena Cuba derrotou mais uma vez o império vizinho, que certamente ignorará a exigência do mundo com arrogância, mas a dignidade desse povo e a solidariedade universal o derrotaram mais uma vez”.

“Cuba tem o direito de viver sem um bloqueio”

Minutos antes da votação, o ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodriguez Padilla, em seu discurso de encerramento do debate, lembrou a grave situação energética pela qual o país está passando, agravada pela passagem do furacão Oscar.

Fazendo um relato das consequências do bloqueio na vida de milhões de cubanos, Bruno Rodriguez assegurou que “a causa principal da falha do sistema elétrico nacional foi a falta de combustível, que causou instabilidade, associada ao estado precário do sistema”.

Apontando para as medidas que Washington vem aplicando desde 2019 para impedir o fornecimento de combustível, peças de reposição e a obstrução sistemática das fontes de financiamento, denunciou que “os Estados Unidos aplicaram uma política de máxima pressão sobre terceiros para impedir que Cuba tenha acesso ao combustível”.

“Somente entre março de 2023 e fevereiro de 2024, o governo dos EUA sancionou 53 navios e 27 empresas”, enquanto rememorou que “as perdas por 18 dias de bloqueio são equivalentes ao custo anual de manutenção do sistema elétrico nacional, 250 milhões de dólares”.

“Com o bloqueio, os Estados Unidos buscam impor uma mensagem de ameaça. Qualquer nação que se atreva a defender firmemente sua soberania e construir seu futuro pagará um preço alto”.

Durante seu discurso, Bruno Rodriguez enfatizou que o governo dos EUA conhece os efeitos diretos e indiretos que sua política tem sobre o sistema de saúde cubano, afirmando que “não pode esconder o fato de que seu objetivo é causar danos à saúde”.

“Nenhum governo deve ter como política causar danos a outros”, disse, referindo-se ao bloqueio, que no texto aprovado pela ONU é descrito como uma “punição coletiva que viola os preceitos do direito internacional e do direito internacional humanitário”.

Assim mesmo, em consonância com o texto que Cuba fez circular entre as delegações dos diferentes países, que detalha as políticas de agressão mantidas por Washington contra Cuba, Bruno Rodríguez apontou contra o papel da mídia hegemônica.

Ele assegurou que “o bloqueio econômico não é o único instrumento de agressão dos Estados Unidos contra Cuba. É acompanhado e complementado por uma poderosa, tóxica e generosamente financiada com fundos federais maquinaria de guerra cognitiva ou não convencional, desinformação sistemática, fomentando a confusão, instigando a violência, promovendo a apatia, o pessimismo e a desconfiança. Com essa operação de comunicação permanente de descrédito, eles cinicamente tentam responsabilizar o governo cubano pelo impacto provocado intencionalmente pelo cerco dos EUA contra nossa população. Em busca da mudança de regime, da dominação política, do colapso econômico e da exploração social”.

No final de seu discurso, disse que “o que a resolução pede não é de forma alguma uma concessão a Cuba. Não se está pedindo um ato generoso, nem um tratamento preferencial, mas simplesmente que cessem os abusos e as injustiças. Cuba tem o direito de viver sem um bloqueio”. (Brasil de Fato)

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