Brasília, 03/10/2024

Brasília, 03/10/2024

Bolsonarismo ameaçado ?

Ataques bolsonaristas na Esplanada (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

João Zisman (*)

Difícil encontrar alguma narrativa que respalde o desdobramento dos movimentos de rua sob a bandeira do ainda nominado Bolsonarismo. Muita gente de bem, aliás, é certo dizer que a grande maioria, porém os criminosos, que por instinto ou por dinheiro, contaminaram qualquer pureza de civilidade daqueles que ainda não conseguiram admitir o resultado das urnas.

As imagens do vandalismo e da violência são incontestáveis. Não há o que relativizar. Que se punam os verdadeiros culpados. Não apenas aqueles que portaram os bodoques que disparam as pedras, mas essencialmente os que urdiram e financiaram essa cruzada sem bandeira, sem tambores, muito menos sem formação. Eis uma turba, na mais amplitude da palavra.

Por outro lado, a defesa da democracia e do patrimônio nacional, requer rigor e firmeza cirúrgicos, para evitar que se fira o emaranhado de veias e artérias que irrigam e sustentam o estado democrático de direito. Não há de se tomar providências a mais ou de menos. A dose tem que ser precisa, legal e desprovida de qualquer cisco do revanchismo.

O presidente Lula mostrou liderança ao reunir em marcha, executivo, judiciário e legislativo na última segunda-feira. A imagem é emblemática e define o tamanho do paredão que aqueles que atentarem contra a democracia poderão enfrentar.

A vontade popular deve prevalecer sempre que trafegue entre os limites das quatro linhas da Constituição, como diz um ex-presidente ausente. Porém fora delas (das linhas), tudo perde legitimidade.

O Distrito Federal virou palco de cenas de brutal selvageria humana, onde a razão sucumbiu aos instintos neandertais que ainda restam no DNA do homem moderno. O povo brasiliense parece que perde mais do que o sentimento de vergonha de ser anfitrião, mesmo sem convidar, da baderna, afinal, sua liderança eleita democraticamente pelo voto popular é punida com o afastamento de suas funções. É certo que o governo do Distrito Federal continua a fluir, no entanto, ainda permanece a dúvida, pelo menos para mim, se a dose do remédio aplicado ao governador Ibaneis Rocha não foi excessiva.

(*) João Zisman é jornalista e consultor político.

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