
Em 21% (196.362) das residências do Distrito Federal, os moradores convivem com algum grau de insegurança alimentar, seja por incerteza quanto acesso a refeições, ruptura nos padrões de alimentação ou fome diária. Dos lares em Brasília:
- 12,9% (120.563) têm insegurança alimentar leve;
- 4,2% (39.046) têm insegurança alimentar moderada;
- 3,9% (36.753) têm insegurança alimentar grave.
Os dados são do estudo “Segurança Alimentar no Distrito Federal: um panorama sociodemográfico”, do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF). Segundo o levantamento, divulgado nesta sexta-feira (21), a maior prevalência de insegurança alimentar é em domicílios onde a mulher é a única provedora financeira. Informações do G1.
Em 30,7% dos domicílios em que residiam crianças de 0 a 6 anos foi observado algum grau de insegurança alimentar. A primeira infância apresentou a maior prevalência de insegurança por faixa etária (32,4%). Além disso, foram observados outros dados importantes:
- 41,9% dos domicílios com pessoas com deficiência estão em algum grau de insegurança alimentar;
- 47,2% dos domicílios com 3 ou mais moradores com menores de 18 anos estão em algum grau de insegurança alimentar;
- 9% dos domicílios do DF têm ao menos um residente que recebe algum benefício social. Entre esses domicílios, 55,4% estão em algum grau de insegurança alimentar;
- 43% dos domicílios que gastam mais de 30% da renda domiciliar com aluguel estão em insegurança alimentar.
O estudo foi feito a partir de informações coletadas pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), realizada em 2021. Segundo a Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), há quatro classificações para os domicílios:
- Segurança alimentar: a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais;
- Insegurança alimentar leve: preocupação ou incerteza quanto acesso a refeições no futuro, além da qualidade inadequada dos alimentos, resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade deles;
- Insegurança alimentar moderada: redução quantitativa de alimentos entre os adultos e ruptura nos padrões de alimentação, em decorrência dessa diminuição;
- Insegurança alimentar grave: redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação, resultante da falta de comida entre todos os moradores, incluindo as crianças. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.
Retrato da fome por região administrativa
Nas regiões administrativas de alta renda (Águas Claras, Jardim Botânico, Lago Norte, Lago Sul, Park Way, Plano Piloto e Sudoeste/Octogonal), onde a renda domiciliar média é de R$ 15 mil, cerca de 96% dos domicílios estão em segurança alimentar.
Já nas regiões de baixa renda (Brazlândia, Fercal, Itapoã, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo II, Sol Nascente, São Sebastião, SCIA/Estrutural e Varjão), com renda de R$ 2,8 mil, o percentual de segurança alimentar cai para 64% dos domicílios.
Pobreza x insegurança
O estudo do IPEDF mostra ainda a relação entre pobreza e insegurança alimentar. No DF, 58,5% das pessoas em situação de pobreza se encontravam em insegurança alimentar, sendo:
- 28,2% em grau leve
- 13,1% moderado
- 17,2% grave
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda domiciliar per capita inferior a meio salário mínimo está abaixo da linha de pobreza.De acordo com o IPEDF, os fatores que contribuem aumentando a chance de insegurança alimentar moderada são:
- Renda média do grupo de região administrativa ao qual o domicílio pertence, com quase 9 vezes mais chances para regiões de baixa renda, em comparação às de renda alta;
- Não ter esgotamento sanitário;
- Aumento na densidade de moradores por cômodo para dormir;
- Presença de morador com deficiência;
- Gastar mais de 30% da renda com aluguel; renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo;
- Receber benefício social;
- Menor escolaridade do chefe da família.