Os servidores técnicos administrativos em educação (TAEs) entraram em greve em ao menos 30 universidades do país. Até este momento, mais de 50% da base da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) aderiram ao movimento.
Nacionalmente, os TAEs constituem uma das 64 carreiras administrativas do Poder Executivo Federal. São aproximadamente 133 mil servidores ativos e 69 mil servidores aposentados.
Servidores do comando de greve reconhecem que foi importante a mudança de governo, classificando o período da gestão Bolsonaro como autoritário e de total congelamento nos investimentos. Agora, porém, querem mais avanços do governo Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana.
“A greve está muito forte no Hospital de Clínicas também, com participação de 500 pessoas na assembleia [que deflagrou o movimento]”, afirma Evandro Castagna, servidor público e integrante do comando de greve no Paraná.
Castagna complementa sobre o sentido da greve, mesmo em um momento delicado da conjuntura, com pressão por parte da extrema direita e da mídia empresarial sobre o governo:
“O governo foi eleito colocando a educação como prioridade. E quem garante que a educação aconteça são os servidores públicos da educação. Nossa briga é essa: que a educação de fato seja valorizada como parte fundamental para que funcione o pais, que se cumpra esse compromisso com os trabalhadores da educação. Temos consciência do governo fascista que nós tínhamos, do papel ruim que cumpriu Bolsonaro”, aponta.
Pauta na carreira
A pauta do movimento, de acordo com Castagna, está focada na recomposição salarial e, principalmente, na retomada de uma política de carreira para os servidores, de maneira a contemplar a totalidade da categoria. Servidores pedem reposições salariais da ordem de 10,34% ao longo de três anos.
“O governo Lula abriu mesa de negociação. O ministro da Educação chamou a Fasubra para conversar e pediu 30 dias. Já tínhamos indicativo de greve no dia 11 de março, então vamos conversar, mas em greve”, explica Castagna.
A carreira está com salários congelados há mais de sete anos e sem horizonte até então de reforma no seu plano de carreira. De acordo com página do Partido Comunista Brasileiro no estado (PCB-PR), houve em anos recentes o aumento de 85,4% de taxa de desligamentos (exoneração a pedido do próprio servidor) em relação ao número de ingressos na categoria.
“Estamos com uma carreira não atrativa, com piso salarial baixo. Do [governo] Temer para cá nossa defasagem salarial ficou em 40%. A PEC da transição do atual governo garantiu 9% de recomposição e pequena reposição no auxílio saúde, creche, reposição no auxílio alimentação”, diz, reconhecendo o espaço mais arejado do atual governo, mas cobrando avanços.
“Nosso salário é muito baixo. Um trabalhador que entra com menos de dois salários mínimos”, afirma Castagna, elencando que, ao lado da Fasubra, há a chance nos próximos dias de adesão do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) — que aglutina servidores federais dos Institutos Federais de Educação (IFs) — e do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) — que organiza os professores.
Fonte: BdF Paraná