O presidente Luís Inácio Lula da Silva deve participar mais de atos de campanhas nas cidades em que o PT disputa o segundo turno pela prefeitura. Inclusive, existe expectativa maior para a presença dele nos municípios do ABC Paulista, na Grande São Paulo, seu berço político.
Na cidade do ABC, levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado na última segunda-feira (14) apontou para um empate técnico entre os candidatos Taka Yamauchi (MDB) e Filippi (PT). Enquanto o atual prefeito de Diadema aparece com 43,4% das intenções de voto, Yamauchi tem 45,6%.
“Diadema ainda é um foco de resistência do PT, diante do crescimento da direita em vários municípios aqui em São Paulo. Então, a distância entre os dois candidatos é muito pequena. Difícil termos, através das pesquisas, um elemento que possa nos dizer qual é o resultado certo e seguro. É diferente do que acontece aqui em São Paulo, por exemplo, em que o Ricardo Nunes tem uma margem considerável à frente do Boulos e tem uma tendência de vitória”, compara.
“Mas tanto [em] Diadema quanto [em] Mauá nós temos candidatos petistas no segundo turno, o que demonstra ainda a força do PT nessas duas cidades. Por outro lado, em Santo André, São Caetano ou a própria São Bernardo, houve uma perda de força do PT, o que é muito o reflexo do processo de desindustrialização que o Brasil sofreu nos últimos anos – acho que é um detalhe importante”, argumenta Niccoli Ramirez.
Lula em campanhas
Não tão presente em campanhas na primeira etapa da eleição, Lula deve vir ao estado de São Paulo nesta sexta-feira (18). Existe expectativa que ele participe de atos na capital paulista, em Diadema e em Mauá. O presidente já esteve, nos últimos dias, em Fortaleza (CE) e em Natal (RN).
Na cidade de São Paulo, a disputa é entre Guilherme Boulos (Psol), que tem Marta Suplicy (PT) na chapa como vice, e Ricardo Nunes (MDB). Em Mauá, o petista Marcelo Oliveira, atual prefeito, disputa o segundo turno contra Atila Jacomussi (União Brasil).
Segundo o professor da FESPSP, Lula não pôde se comprometer tanto com os apoios no primeiro turno para não prejudicar as relações com o Congresso.
“Vale dizer que o nome do Lula sempre tem um peso nas campanhas do ABC. Porém, o presidente não se comprometeu tanto esse ano com as eleições municipais, salvo no caso do Boulos, exatamente porque a sua situação no Congresso é extremamente delicada. Ele não tem maioria no Congresso, de modo que qualquer comprometimento mais forte contra candidatos, principalmente do MDB, poderia resultar numa perda de força e formação de maioria dentro do Congresso.”
Apagão em São Paulo
Em Diadema, o cientista político diz que temas tradicionais como urbanização, saneamento básico, canalização de córregos, segurança pública, saúde e ensino continuam fortes nas campanhas. Porém, o apagão que atingiu a capital paulista e cidades da Grande São Paulo também ganha força e pode influenciar o eleitorado.
“Os partidos de centro, de direita, são os maiores defensores das privatizações. É muito fácil agora nós vermos os políticos de direita, o Tarcísio [de Freitas, do Republicanos, governador de São Paulo], o próprio Ricardo Nunes e toda a patota que acompanha os candidatos de direita à prefeitura reunidos pedindo ações contra a Enel, a companhia de energia. Mas foram eles mesmos que favoreceram e, certamente, foram, de alguma forma, conquistados por lobbies dessa empresa para que a privatização fosse adiante”, expõe.
“E pior, com contratos extremamente fragilizados em termos de ação do poder público para fiscalização, controle e, mais do que isso, intervenção, quando essas empresas, essa empresa, especificamente, se tornam incompetentes. Isso pode trazer, por incrível que pareça, alguma vantagem aos candidatos do PT. Afinal de contas, os candidatos petistas, historicamente, sempre foram contra as privatizações.”
A entrevista completa está disponível na edição desta quinta-feira (17) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.