Evandro Leitão (PT) foi eleito prefeito de Fortaleza (CE) na disputa mais acirrada entre as capitais. Ele concorreu com André Fernandes (PL) e levou a cadeira com 50,38% dos votos. A diferença entre os candidatos foi de 0,8%, o que representa 10.838 votos. A vitória foi a única do PT em capitais e carrega importância política e simbólica contra o avanço da extrema direita no estado e no Nordeste.
Em termos políticos, Farias aponta que Camilo Santana, ministro da educação do governo Lula, sai fortalecido como um nome nacional do partido. “Camilo foi governador e elegeu seu sucessor, Elmano, e agora foi apoiou Leitão para a prefeitura. Com a vitória, se projeta a nível nacional não só no PT, mas no campo progressista, como liderança emergente”, diz o militante.
O governo Leitão estará sob o escrutínio nacional por ser o único do PT, acredita o integrante do MBP. “É importante fazer um bom governo, e o alinhamento entre prefeitura, governo do estado e governo federal é importante para viabilizar políticas públicas e fazer as entregas que a população almeja.”
Farias avalia que a vitória deve ser comemorada como um campo de contenção à extrema direita, mas pontua que os partidos devem refletir sobre o avanço do bolsonarismo na região. “Bolsonaro ainda tem uma rejeição muito alta no Ceará, tanto que Fernandes não usou a imagem do ex-presidente. Bolsonaro não foi a Fortaleza durante a campanha”, diz Farias.
Ele explica, no entanto, que a campanha de Leitão foi hábil em colar a imagem de Bolsonaro a Fernandes, o que ajudou em sua derrota. Ainda assim, a votação expressiva do candidato do PL gabarita esse campo político no posicionamento para o processo eleitoral de 2026.
Derrota de Ciro
Entre os grupos políticos do Ceará, o maior perdedor parece ser o de Ciro Gomes (PDT). O partido elegeu apenas cinco prefeitos no estado, além de ter amargado uma votação baixa no primeiro turno de Fortaleza: José Sarto, atual prefeito da cidade, ficou em terceiro, com 11,75% dos votos.
“O núcleo duro do grupo [de Ciro] sai derrotado, porque optou por apoiar a extrema direita. O maior motivo para esse movimento é a tentativa de sobrevivência política”, diz Farias. “Se Leitão, apoiado por Camilo Santana, vencesse, o ministro teria uma grande hegemonia no estado.”
A imagem de Ciro também sai chamuscada. “O PDT fez um grande desserviço em direcionar parte do seu eleitorado para as propostas da extrema direita, que nega tudo o que Ciro já defendeu”, afirma o militante.
Em sua fala após a vitória, Leitão se referiu indiretamente ao grupo político liderado por Ciro Gomes e citou “arrogância” e “prepotência” dos adversários. “A arrogância precede a queda. Nós derrubamos todos os arrogantes desse estado. Todos eles se juntaram e Deus quis que todos caíssem pela sua arrogância, pela sua prepotência. Para essas pessoas arrogantes, prepotentes: o povo deu a resposta nas urnas.”
Já o senador Cid Gomes (PSB-CE) segue como personagem relevante no estado. Seu partido, o PSB, levou o maior número de prefeituras no Ceará – ainda que a derrota em Sobral para Oscar Rodrigues (UB) seja significativa, já que a cidade é o berço político dos Ferreira Gomes.
De acordo com Farias, Cid segue em alinhamento com Camilo Santana, ainda que com contradições. (Brasil de Fato)