O tabuleiro da disputa pelo comando da Câmara dos Deputados deve sofrer novas movimentações nesta semana. O líder da bancada do Republicanos, Hugo Motta (PB), irá se reunir com as siglas PDT e PSB nesta terça-feira (5), em Brasília (DF), para tentar pactuar um arranjo eleitoral e fortalecer a chapa rumo à sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Motta busca uma maior aproximação com os dois partidos desde que o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil, sinalizou nos bastidores que deverá abandonar a disputa. Tanto o PDT quanto o PSB haviam demonstrado apoio a Nascimento e agora devem se reposicionar no jogo.
Na situação atual da disputa, o líder do Republicanos é visto pelos pares como o favorito para suceder Lira. Juntas, as legendas que o apoiam contabilizam mais de 320 votos – para ganhar a eleição, que ocorre em fevereiro, são necessários 257.
Entre os partidos do campo progressista, apenas o Psol ainda não definiu um rumo. Em uma reunião entre os 13 deputados da legenda ocorrida na última sexta (1º), o grupo decidiu que não tem chance de se somar ao leque de apoios a Hugo Motta. “O ‘espírito de centrão’ fragiliza ainda mais a nossa débil democracia. Nas tratativas para a presidência da Câmara, a pequena política do toma lá dá cá tornou-se a grande, quase a única. Qual a visão de Legislativo federal e proposta de gestão democrática de Motta, o ‘ungido’ por Lira, e dos que compõem com ele? Queremos um parlamento mais e mais poroso às demandas populares, que pressupõe uma profunda reforma política”, disse o deputado Chico Alencar (Psol-RJ), em nota divulgada à imprensa nesta segunda (4).
“Para nós, não servem jantares, acertos de gabinete e descarada promessa de vagas”, emendou Alencar, ao citar o Tribunal de Contas da União (TCU). Para fechar o apoio a Motta na corrida, a bancada do PT negociou em troca a vaga a ser indicada pela Câmara para o TCU em 2026. O posto que ficará vago é do ministro Aroldo Cedraz, que deverá se aposentar de forma compulsória após completar 75 anos. Pelas regras de composição do tribunal, o substituto precisa ser escolhido pelo Legislativo federal.
A bancada do Psol vê com rejeição o fato de o líder do Republicanos ter sido próximo a Eduardo Cunha (PRD), ex-presidente da Câmara que foi cassado em 2016, bem como ter votado pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) no mesmo ano, entre outras posturas já assumidas por Motta. A bancada costuma se reunir semanalmente para tratar de assuntos internos e pode voltar a discutir o tema nesta terça (5), mas ainda não se sabe quando deverá anunciar uma definição. (BdF)