Brasília, 15/11/2024

Atentado no STF impacta autopromoção da extrema direita como defensora da democracia

atentado cometido na noite desta quarta-feira (13) por Francisco Wanderley Luiz em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal impactou a estratégia da extrema direita de normalização de seu grupo político como força legítima no país. Essa é a opinião da cientista política Mayra Goulart, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Goulart afirma que, após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a tática da extrema direita – representada pelo artigo publicado na Folha de S. Paulo, no último dia 10, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível – de se apresentar como uma alternativa política aceitável.

“No artigo, Bolsonaro usa a linguagem da democracia para naturalizar a extrema direita, quando na realidade o campo é refratário às instituições e à democracia. É a incorporação da extrema direita como posição aceitável, a naturalização de ideias cáusticas à democracia liberal”, diz a cientista política.

Isso explica, para ela, a postura do campo da extrema direita de evitar ligação com o atentado, apesar de Luiz ter sido candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul (SC) em 2020. “As lideranças com mandato têm como estratégia pactuada diminuir o peso da ligação [de Luiz] com a extrema direita e tratá-lo como alguém com transtornos mentais”, explica Goulart. Há, ainda, uma tentativa de compará-lo a Adélio Bispo, que deu uma facada em Bolsonaro durante a campanha à presidência de 2018.

O ato também enfraquece a ideia de uma anistia aos golpistas de 8 de janeiro, acredita Goulart. “A proposta de anistia vinha tendo uma tramitação silenciosa, longe do cidadão comum. Esse atentado traz de volta para as pessoas a preocupação com a democracia”, acredita.

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