Brasília, 24/11/2024

Marco Rubio criará dificuldades para o Itamaraty e desestabilizará governo brasileiro, diz analista

Nomeação de Marco Rubio para a chefia da política externa norte-americana sob Trump acende alarmes na América Latina. Conhecido por uma política intervencionista, Rubio não fará as pazes com governos progressistas e poderá agir para desestabilizar o governo brasileiro, alerta especialista ouvido pela Sputnik Brasil.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, revelou traços da política externa de seu segundo mandato ao indicar o senador pelo estado da Flórida, Marco Rubio, para o posto de secretário de Estado. Caso confirmado para o cargo, Rubio será o primeiro norte-americano de ascendência latina a ocupar o posto equivalente a ministro das Relações Exteriores no Brasil.

“Marco é um líder altamente respeitado e uma voz muito poderosa em prol da liberdade”, escreveu o presidente eleito dos EUA, Donald Trump. “Ele será um forte defensor de nossa nação, um verdadeiro amigo de nossos aliados e um guerreiro destemido que nunca recuará diante de nossos adversários.

Em resposta, Rubio se disse “honrado” e prometeu “alcançar a paz através da força, e colocar os interesses dos americanos e dos EUA sempre em primeiro lugar”.
A indicação de Rubio foi um balde de água fria para quem esperava inovações na política externa trumpista. Como membro das comissões de Relações Exteriores e de Inteligência do Senado, Marco Rubio defendeu temas clássicos da agenda neoconservadora norte-americana, garantindo apoio incondicional a Israel e antagonizando com China, Rússia e Irã.
Então candidato à presidência da República dos EUA, Donald Trump, fala com o senador Marco Rubio, durante comício de campanha em Raleigh, Carolina do Norte, EUA, 4 de novembro de 2024
“Querendo ou não, a indicação de Marco Rubio é a mais convencional dentre as nomeações feitas por Trump até agora“, disse a pesquisadora-colaboradora do IESP-UERJ, Monica Hirst, à Sputnik Brasil. “Rubio tem uma carreira política consolidada e certa legitimidade para assumir o cargo, já que lidava com temas de política externa no Senado norte-americano.”
Segundo a especialista em relações Brasil-EUA Hirst, ainda que Rubio tenha posições distintas das de Trump, o seu perfil é de executor, e não formulador de políticas públicas.
Apesar de serem considerados rivais dentro do Partido Republicano, Trump e Rubio coordenam posições sobre assuntos latino-americanos já há algum tempo. De acordo com a Associated Press, Rubio aprovou indicações de embaixadores para a região durante o primeiro mandato de Trump e representou o presidente em visitas oficiais à região.
“É inevitável que a região ganhe algum peso [durante o mandato de Rubio], dadas as devidas proporções, afinal já faz muito tempo que a América Latina não é prioridade estratégica para os EUA”, lembrou Hirst. “E Marco Rubio já nomeou seus alvos preferenciais: Cuba, Nicarágua e Venezuela.”
Para a especialista, estar no centro das atenções da administração norte-americana não é necessariamente algo positivo. Hirst lembra a atenção dada ao México, “que está no topo da agenda em função do pânico da deportação massiva de imigrantes”. No caso da Venezuela, a expectativa é de reforço da agenda de sanções econômicas e aumento da pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. (Sputnik)

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