O procurador-geral da República , Paulo Gonet , estuda reunir todas as denúncias contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e apresentá-las em uma única acusação criminal. A revelação do plano golpista que previa os assassinatos do presidente Lula , do vice Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes foi avaliada como mais um elemento que reforça a possibilidade de uma única acusação criminal, em várias frentes, de acordo com O Globo.
Somados com a tentativa de golpe de Estado, entrariam na denúncia unificada a falsificação de cartões de vacina contra covid-19 e a venda de joias pertencentes à União no exterior.
Na justificativa da Procuradoria-Geral da República ( PGR ), estaria a suspeita por parte da Polícia Federal de que há uma organização criminosa no entorno do ex-mandatário que atuou para tentar um golpe, atacar instituições, vender joias ilegalmente, fraudar cartões de vacinação e espionar adversários.
Paulo Gonet deve receber ainda nos próximos dias a conclusão da PF sobre a trama golpista – antes, o texto passará por Moraes. Segundo o jornal O Globo, auxiliares do procurador-geral analisam que é necessário examinar a suposta participação de Bolsonaro nas tentativas de golpe em conjunto com os outros inquéritos para fechar as conexões.
Investigação
Na decisão que prendeu quatro militares e um policial federal, Moraes destacou cinco áreas de investigação envolvendo Bolsonaro e seu círculo próximo. Uma delas é sobre ataques virtuais a opositores, dentro do inquérito das milícias digitais. Também estão sendo investigados ataques às instituições e às urnas, tentativa de golpe de Estado, uso do poder público para obter vantagens (como falsificação de cartões de vacina e desvio de joias), e ataques contra as vacinas e medidas sanitárias na pandemia.
A PF informou que o grupo que planejou o golpe usou a mesma estratégia das milícias digitais, que atacaram instituições e espalharam mentiras sobre as eleições.
Há também uma investigação em curso que apura se uma estrutura paralela na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada durante o governo Bolsonaro para espionar ilegalmente adversários e disseminar ataques contra eles.
A PF suspeita que o policial preso nesta semana, Wladimir Matos Soares, que forneceu informações sobre a segurança de Lula no fim de 2022 aos militares que arquitetaram o plano, tinha relação com um integrante do grupo que agia à margem na Abin.
A lógica por trás dessa análise ampla por parte da PGR é fazer com que uma eventual acusação ligue todos os elementos, fortalecendo a argumentação de que o ex-presidente agiu de forma direta na ocorrência de um plano golpista após o resultado das eleições de 2022.
Conexões
Durante as investigações, a PF encontrou conexões entre diferentes apurações sobre as ações de Bolsonaro e seus aliados. Segundo os investigadores, a PF está analisando a “articulação de pessoas” próximas a Bolsonaro que teriam “funções específicas”. Além de alvos comuns em vários inquéritos, como Jair Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, a PF também identificou relações entre os eventos investigados.
O ex-presidente, segundo esta linha de apuração, só teria ido aos Estados Unidos no fim de 2022 porque não conseguiu respaldo da cúpula das Forças Armadas para o golpe. Na viagem, a comitiva dele levou parte das joias desviadas do acervo presidencial, segundo a PF. (IG)