Brasília, 18/12/2024

Câmara dos Deputados alemã rejeita voto de confiança em Scholz e país terá novas eleições em fevereiro de 2025

chanceler alemão Olaf Scholz perdeu, nesta segunda-feira (16), uma moção de confiança na Bundestag, a Câmara baixa de Deputados do país, abrindo caminho para a realização de eleições gerais antecipadas em 23 de fevereiro de 2025.

A votação na Bundestag permite ao presidente, Frank-Walter Steinmeier, dissolver a legislatura e declarar formalmente o retorno às urnas. Já se esperava uma derrota de Scholz na votação, que terminou com 394 dos 735 deputados votando pelo fim do governo. Apenas 207 votaram pela permanência do governo, além de 116 abstenções.

A votação ocorreu após um intenso debate na Câmara, onde os grupos políticos se acusaram mutuamente pelo adiantamento das eleições. Scholz, que almeja outro mandato, está fragilizado nas pesquisas, e aparece atrás do líder opositor conservador Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), o partido da ex-chanceler Angela Merkel.

Após mais de três anos no poder, a coalizão tripartite liderada pelo Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, junto com os Verdes e o Partido Democrático Liberal (FDP), rompeu-se em 6 de novembro.

A Alemanha está há meses em crise política enquanto tenta reviver sua economia, atingida pelos preços da energia e pela dura concorrência da China. O governo de Berlim também enfrenta os desafios impostos pela guerra da Rússia na Ucrânia e pelo iminente retorno de Donald Trump à Casa Branca, que coloca em dúvida as futuras relações comerciais com os Estados Unidos.

“Estou feliz que a decisão tenha sido finalmente tomada, que as coisas estejam caminhando e que os cidadãos agora tenham a palavra”, disse Scholz à emissora NTV após perder o voto de confiança. Durante o debate, Scholz argumentou que seu governo conseguiu fortalecer as forças armadas que os governos anteriores, liderados pela CDU, haviam deixado “em um estado deplorável”.

“Já é hora de investir poderosamente e de forma decisiva na Alemanha”, disse Scholz, alertando que “uma potência nuclear altamente armada [Rússia] está travando uma guerra na Europa a apenas duas horas de voo daqui”.

Merz, no entanto, respondeu que Scholz havia abandonado o país “em uma das maiores crises econômicas do pós-guerra”.

“Você teve sua chance, mas não a aproveitou […] O senhor, Scholz, não merece confiança”, disse.

Merz, um ex-advogado que nunca ocupou cargo no governo, foi um dos principais críticos da coalizão tripartite, que se desfez por desacordos fiscais e econômicos. As pesquisas também apontam que, mesmo na frente, Merz e o CDU também dependem da formação de uma coalizão entre partidos para vencer as eleições, um processo de negociações que devem se arrastar.

Governança breve

Em 6 de novembro, quando Scholz demitiu seu ministro das finanças, Christian Lindner, do FDP, a coalizão colapsou. Caso a vitória dos conservadores de Merz seja confirmada nas eleições de fevereiro, Scholz se tornará o governante mais breve a assumir o posto na Alemanha desde a reunificação em 1990, com menos de quatro anos de mandato. Ele assumiu como chanceler em dezembro de 2021.

Scholz voltou a criticar Lindner nesta segunda pela “sabotagem” que destruiu a coalizão e prejudicou “a reputação da democracia”.

Desde a saída do FDP, Scholz lidera um governo minoritário com os Verdes, incapaz de aprovar projetos de lei importantes ou um novo orçamento. No entanto, mesmo antes da ruptura da coalizão, os três partidos já se viam em dificuldades de chegar a acordos por conta de disputas internas.

Além disso, Scholz sofre há tempos com a impopularidade entre os alemães: em novembro deste ano, tinha 14% de aprovação, cinco pontos percentuais a menos que no início de outubro. Os que desaprovam ou estavam pouco satisfeitos com o governo somavam 85%.

O panorama político alemão está mais fragmentado do que nunca desde o surgimento, nos últimos anos, do partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha). A AfD passou de ser um partido marginal eurocético a se tornar uma força política importante, e agora conta com cerca de 18% do apoio do eleitorado.

Brasil de Fato com AFP e Deutsche Welle

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