Brasil de Fato | São Paulo (SP) |- O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, desmentiu as alegações de que a líder da extrema direita Maria Corina Machado teria sido presa durante as manifestações da oposição nesta quinta-feira (9) em Caracas.
Em meio à marcha chavista, um dia antes da posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato, o representante do governo disse que a suposta detenção de Machado foi “uma invenção, uma mentira”. Antes da confirmação do ministro, nenhuma força de segurança venezuelana havia se manifestado sobre o acontecimento.
Cabello ainda afirmou que a suposta prisão era um “plano” de Machado para angariar apoio para a extrema direita às vésperas da posse de Maduro. Por sua vez, a equipe política da oposição, Plataforma Unitária, afirma que Machado foi “libertada” após ser “retida à força” ao final de uma manifestação em Caracas.
“Saindo da concentração em Chacao, Caracas, María Corina Machado foi interceptada e derrubada da moto em que viajava. Na ocorrência, armas de fogo foram detonadas. Durante o período de seu sequestro foi forçada a gravar vários vídeos e em seguida foi libertada”, reportou uma publicação na rede social X, sem mencionar a suposta prisão.
A nota da sigla política foi veiculada pela imprensa internacional, que noticiou tal “interceptação” de Machado como se a opositora tivesse sido presa pelas autoridades chavistas.
Durante o suposto período de detenção, a equipe afirma que Machado foi “forçada a gravar vídeos”, justificando um vídeo que circula nas redes sociais e jornais em que a opositora nega a suposta prisão e ressalta que está “bem e segura”. Em poucos segundos de gravação, Machado afirma que perdeu sua carteira e pertences durante a marcha em Caracas.
A reportagem do Brasil de Fato esteve na marcha opositora, acompanhou o discurso de Machado e sua saída do evento, espontaneamente, acompanhada por sua equipe em motocicletas.
Marchas às vésperas da posse
Em cima de um veículo, vestida de branco e com uma bandeira venezuelana, Machado, de 57 anos, reapareceu em público nesta quinta-feira pela primeira vez desde 28 de agosto, um mês após as eleições presidenciais no país.
“Essa força que construímos nos prepara para terminar esta fase. O que quer que eles façam amanhã [no dia da posse de Maduro], acabarão se enterrando. Que ninguém tenha dúvidas, o que fizerem amanhã marca o fim do regime”, discursou a opositora.
Os chavistas também convocaram um ato paralelo, em Caracas e outros locais do país, para apoiar Maduro.
A cerimônia de posse presidencial está marcada para iniciar às 12h locais (13h no horário de Brasília) da próxima sexta-feira (10) no Parlamento venezuelano.
González, que pediu asilo na Espanha em 8 de setembro após ser alvo de um mandado de prisão por publicar atas eleitorais falsas e outros atos de insurreição no país, declarou que deseja voltar à Venezuela para assumir o poder.
“Nos veremos muito em breve em Caracas, em liberdade”, prometeu González em um evento na República Dominicana, última parada de um giro que anteriormente o levou à Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Panamá.
Após passar por diversos países angariando apoio contra a posse de Maduro, González afirma que voltará a Caracas para assumir o poder na sexta-feira. Contudo, as autoridades venezuelanas – que oferecem U$ 100 mil dólares (R$ 613 mil) por sua captura — já advertiram que, se ele desembarcar no país, “será preso imediatamente”.
*Colaborou Lorenzo Santiago, de Caracas (Venezuela)
**Com AFP