Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Neste sábado (1º), ocorre a eleição para as presidências do Congresso Nacional. É esperada a substituição de Arthur Lira (PP-AL) por Hugo Motta (Republicanos-PB), na Câmara, e de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) por Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado.
Em entrevista à Central do Brasil, um programa de coprodução Brasil de Fato e TVT, o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Paulo Ramirez, afirma que, no Senado, há uma expectativa de mudanças.
O docente lembra que o até então presidente da casa, Rodrigo Pacheco, “tinha alguma relação mais forte com o constitucionalismo, como também com o próprio governo petista, apesar de não ser do PT”.
O professor cita, inclusive, algumas pautas-bomba que não avançaram no Congresso Nacional porque foram barradas no Senado, como a PEC do Estuprador, que equiparava o aborto realizado após a 22ª semana de gestação ao homicídio simples em quaisquer circunstâncias.
Na época, Pacheco criticou o projeto. “Quando se discute a possibilidade de equiparar o aborto em qualquer momento ao crime de homicídio, que é definido na lei penal como matar alguém, isso de fato é uma irracionalidade. Não tem o menor cabimento, a menor lógica, a menor razoabilidade”.
Nesse sentido, “a substituição no Pacheco pelo Davi Alcolumbre tende a trazer de volta mais um reforço das figuras típicas do Centrão, o que pode dar alguma complicação futura ao Lula”, diz.
“Hoje, a legislatura do Senado tem mais membros bolsonaristas, o que pode gerar algum entrave e até recusas de projetos vindo do governo federal. Então essa é uma diferença importante. Mas seja como for, Hugo Motta mais Alcolumbre não fará outra coisa a não ser fortalecer o poder do Centrão do Estado brasileiro”.
Na casa dos deputados, porém, “a tendência é uma continuidade em relação ao que foi à presidência do Arthur Lira. Afinal de contas, o próprio Arthur Lira quem indicou Hugo Motta”, disse o docente. “O que fica muito claro é que pelo menos na Câmara, o poder do Centrão tende a se perpetuar através, principalmente, da distribuição das verbas parlamentares”.