As delegações da Ucrânia e dos EUA anunciaram que Kiev concorda com um cessar-fogo temporário de 30 dias se a Rússia também aceitar e cumprir o combinado. Em declaração conjunta, após horas de negociações em Jeddah, na Arábia Saudita, o lado ucraniano expressou sua prontidão “em aceitar a proposta de introduzir imediatamente um cessar-fogo temporário de 30 dias, que pode ser estendido por acordo mútuo das partes, sujeito à aceitação e implementação simultânea pela Federação Russa”.
Do lado ucraniano, a reunião contou com a participação do chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, o chefe do Ministério das Relações Exteriores, Andriy Sybiha, e o Ministro da Defesa, Rustem Umerov. Já a delegação de Washington foi composta pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e o Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente, Mike Waltz.
Este foi o primeiro encontro entre representantes de alto nível ucranianos e estadunidenses após o atrito entre os presidentes Volodymyr Zelensky e Donald Trump na Casa Branca no final de fevereiro e a suspensão da ajuda militar dos EUA a Kiev. Antes do início da reunião, Washington declarou que a Ucrânia deveria estar pronta para fazer concessões e “decisões difíceis”. Sob estas condições, os EUA prometeram retomar o apoio a Kiev.
Em discurso nesta terça-feira (11), o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky confirmou que “a Ucrânia acolhe essa proposta” de cessar-fogo de 30 dias e que a considera “positiva”. “Estamos prontos para dar esse passo. Os EUA precisam convencer a Rússia a fazer isso. Portanto, concordamos e, se os russos concordarem, o cessar-fogo funcionará naquele exato momento”, declarou Zelensky.
Além disso, foi comunicado após as negociações que os líderes dos EUA e da Ucrânia instruíram seus governos a concluir o acordo sobre metais de terras raras, no qual empresas estadunidenses teriam acesso à commodity ucraniana.
Negociações após ataque em Moscou
Os avanços nas negociações sobre uma trégua acontecem no mesmo dia de um dos maiores ataques de drones da Ucrânia contra Moscou. A capital russa e a região ao redor foram alvo de dezenas de drones durante a madrugada desta terça-feira (11). O Ministério da Defesa russo relatou a queda de 337 drones em várias regiões do país. Na região de Moscou, três pessoas morreram e 18 ficaram feridas, de acordo com autoridades regionais.
Ao comentar o ataque de drones, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que esta ação das Forças Armadas Ucranianas demonstra a “completa falta de vontade de Kiev pela paz e desejo de resolver o conflito”.
“[Kiev] demonstrou uma completa falta de vontade política para a paz e a resolução do conflito através de métodos diplomáticos. Ela continua obcecada com a ideia de derrotar a Rússia”, diz o comunicado da chancelaria russa.
De acordo com a pasta, o ataque com drones foi planejado com antecedência e programado para coincidir com as negociações entre Estados Unidos e Ucrânia na Arábia Saudita.
Trump anuncia negociações com Moscou
Ainda nesta terça-feira (11), o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que Rússia e Estados Unidos realizarão novas reuniões “hoje ou amanhã”.
Trump também disse que espera falar com o presidente russo, Vladimir Putin, esta semana. O presidente estadunidense expressou esperança de que um cessar-fogo completo aconteça “nos próximos dias” e indicou que esperava que Vladimir Putin concordasse com isso.
Além disso, Donald Trump declarou também que convidará o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky novamente para a Casa Branca.
O lado russo, por sua vez, ainda não confirmou planos de realizar uma reunião entre Trump e Putin. No entanto, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, citada pela Ria Novosti, disse que a Rússia “não descarta contatos com representantes dos EUA nos próximos dias”. (BdF)
