Euler França Belém – Jornal Opção
Por que os brasileiros não elegem governadores de São Paulo para presidente da República? Os cientistas políticos e pesquisadores ainda não se debruçaram sobre o tema, mas vale discutir o assunto.
Ah, dirão: Fernando Henrique Cardoso, embora nascido no Rio de Janeiro, foi presidente da República, por dois mandatos, como “representante” de São Paulo. Porém, o tucano nunca foi governador de São Paulo e, sobretudo, foi eleito e reeleito presidente graças ao Plano Real, seu grande general eleitoral.

Vamos aos dados, que são mais sugestivos do que ilações.
Orestes Quércia, que foi uma das figuras mais poderosas do MDB de São Paulo, tentou ser presidente da República, mas não conseguiu. Ele foi governador dos paulistas.
Um dos melhores governadores de São Paulo e um excelente ministro da Saúde, José Serra, do PSDB, disputou a Presidência da República duas vezes e não foi eleito. Perdeu para Lula da Silva (PT), em 2002, e para Dilma Rousseff (PT), em 2010.

Geraldo Alckmin era considerado um bom governador de São Paulo, mas, como José Serra, perdeu duas eleições para presidente — em 2006, para Lula da Silva, e, em 2018, ficou atrás de Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). Na época, era filiado ao PSDB.
Em 2022, João Doria, que havia governado São Paulo, lançou-se candidato a presidente, porém, mal avaliado nas pesquisas de intenção de voto, acabou renunciando à disputa.

Em suma, o Brasil rejeita governadores de São Paulo para presidente da República. Insista-se com a pergunta: por que isto?
É provável que os brasileiros entendam a questão do seguinte modo: não se deve dar mais poder político a quem já tem excesso de poder econômico. Ou seja, intuitivamente ou de maneira planejada, os brasileiros querem uma divisão maior do poder.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, certamente está de olho nesta questão. Tanto que, sob orientação de Gilberto “José de Paris” Kassab — o eminência parda —, planeja disputar a reeleição. É o mais puro pragmatismo inteligente. (E.F.B.)