Brasília, 02/04/2025

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Argentina: Governo Milei admite falta de dólares e enfrenta pressão de nova greve geral

Tentando conter os temores dos agentes econômicos e estancar uma corrida cambial iniciada na última semana, o governo argentino admitiu que precisa de dólares de maneira imediata. Segundo o ministro da Economia, Luis Caputo, o governo de extrema direita de Javier Milei espera que o acordo de US$ 20 bilhões (R$ 115 bilhões) com o Fundo Monetário Internacional (FMI) inclua a autorização de um saque inicial “alto”, isto é, maior do que o previsto em um “acordo tradicional”.

“Em geral, eles fazem [parcelas de] 20%, 30%, 40% [do acordo total]. Pedimos mais porque, em um acordo tradicional, o que o Fundo faz é conceder desembolsos parciais em troca do cumprimento de metas fiscais e monetárias. Algo que já fizemos, no nosso caso”, disse Caputo em entrevista ao jornal argentino La Nación na noite de domingo (30).

O programa econômico do governo, que inclui uma política de choque com um corte sem precedentes nos gastos públicos, alcançou o primeiro superávit anual em 14 anos. Conter a inflação é a principal conquista econômica do governo do presidente ultraliberal Javier Milei, que enfrenta eleições legislativas em outubro. A inflação passou de 211% em 2023 para 118% em 2024, embora ao custo de demissões, colapso do consumo e colocar mais da metade da população abaixo da linha da pobreza.

“A primeira parcela do desembolso é muito importante para nós porque o Banco Central está muito descapitalizado”, admitiu Caputo. Na semana passada, a Argentina revelou que solicitou um empréstimo de US$ 20 bilhões ao FMI, quantia que planeja usar para reforçar as reservas do Banco Central, que sofreram uma perda de US$ 1,7 bilhão (R$ 9,8 bilhões) nos últimos dez dias em meio a uma corrida contra a desvalorização do peso.

O FMI confirmou na semana passada que as negociações estão “muito avançadas” e esclareceu que os desembolsos serão feitos “em parcelas”, sem especificar valores ou prazos. O programa se somará ao que a Argentina assinou com o Fundo em 2018 por US$ 44 bilhões (R$ 160 bilhões em valores da época).

A Argentina precisa urgentemente reforçar suas reservas do Banco Central, que fecharam em US$ 25,7 bilhões (R$ 148 bilhões) na última sexta-feira (28). O ministro da Economia disse na semana passada que também negocia empréstimos com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ele admitiu que há “incerteza” quanto aos detalhes do acordo, o que alimenta a instabilidade no mercado de câmbio.

“Sempre haverá volatilidade, mas não há possibilidade de choques econômicos aqui porque a macroeconomia está em ordem”, afirmou. Os argentinos, acostumados a crises econômicas e desvalorizações recorrentes, contam com o dólar como moeda de reserva. No entanto, em um revés para o governo, o dólar supervalorizou na última sexta e atingiu seu valor mais alto desde agosto de 2024.

As oscilações bruscas de preços estão geralmente correlacionadas com correções de preços internos, que impactam diretamente a inflação do país.

Greve geral programada

Na última sexta (28), a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) da Argentina confirmou uma greve geral para 10 de abril. O órgão também ratificou a sua mobilização e participação na marcha dos aposentados do dia anterior, 9 de abril, em frente ao Congresso Nacional.

Segundo o jornal Tiempo Argentino, a ideia principal é que a mobilização de 9 de abril seja transformada em uma paralisação trabalhista a partir das 12h, e garantir a participação na marcha dos aposentados. Segundo fontes próximas à liderança da CGT, esta paralisação duraria até meia-noite do mesmo dia, horário em que a greve do dia seguinte começará.

A principal pauta da CGT é pressionar o governo perante a recusa em reajustar mensalmente os salários dos trabalhadores acima de 1%, quando a inflação retoma a tendência de crescimento.

De acordo com dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) recentemente, desde a chegada de Milei, os salários dos trabalhadores registrados perderam 5,46% do poder de compra, chegando a 16,4% para os funcionários públicos.

Brasil de Fato com  AFP e Tiempo Argentino

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