O nível de confiança no Governo de Javier Milei caiu 1,4% em fevereiro em relação ao mês anterior, de acordo com o Índice de Confiança do Governo (IGC) da Universidade Torcuato di Tella (UTDT). E, entre os eleitores mais jovens, essa tendência é ainda maior.
Um dos pontos fortes do presidente da Argentina, bem como de alguns líderes de direita no mundo, é o apoio dos eleitores jovens, segundo vários analistas.
“A rebeldia tornou-se de direita?”, do historiador e jornalista Pablo Stefanoni, é um dos livros que sustenta esta tese. Outras pesquisas sobre eleitores na Argentina mostram que os jovens, principalmente os homens, têm maior tendência para posições conservadoras.
Por esta razão, os dados refletidos na última medição da Universidade de Di Tella merecem, pelo menos, atenção.
Os dados de toda a população entrevistada ––sem distinção de faixa etária, local de residência, e etc –– mostram que a confiança no Governo de Milei registou uma queda de 1,4% de janeiro a fevereiro.
Em que áreas a confiança caiu?
Durante o mês de fevereiro, quatro em cada cinco áreas registaram indicadores mais baixos que em janeiro, segundo a UTDT.
– Avaliação das administrações públicas: -5,1%
– Preocupação com o interesse geral: -4,8%
– Capacidade de resolver os problemas do país: -1,6%
– Eficiência na administração dos gastos públicos: -0,1%
No entanto, houve uma área onde a tendência foi invertida.
– Honestidade dos funcionários: +3,7%
Como foi nos governos anteriores?
Há mais de duas décadas, a Escola de Governo da UTDT mede a evolução da opinião pública em diferentes áreas essenciais dos diferentes governos argentinos.
Nesse sentido, comparando com o número do mesmo período dos dois últimos presidentes, veremos que o atual nível de confiança é 10,1% inferior à medição de fevereiro de 2016, no início do mandato de Mauricio Macri, e 13,3% superior à medição de fevereiro de 2020, no início do governo de Alberto Fernández.
E os jovens?
Aqui estão os dados que pedem atenção: a queda da confiança dos jovens entre os 18 e os 29 anos foi de 12% entre janeiro e fevereiro. A isto soma-se o forte decréscimo de 18% registado no período anterior – dezembro e janeiro.
Ou seja, esta faixa etária que, segundo o estudo, estava mais esperançosa com a mudança de mandato, sofre agora uma desilusão desde o início da gestão de Javier Milei.
Entre 11 e 15 de dezembro, a confiança desse grupo aumentou 162%. O contraste é significativo. No período atual é o segmento com menor índice.
As pessoas entre os 30 e os 49 anos registaram em fevereiro um ligeiro aumento na sua confiança de 3%. Por outro lado, quem tem mais de 50 anos perde 2%.
Existe uma disparidade de gênero?
A resposta é sim. Embora neste último período ambos os gêneros, homens e mulheres, tenham registado uma diminuição –– neste caso superior nos homens, com 2% negativos, e nas mulheres com 1% ––, se tomado desde o início do governo, está entre as mulheres onde ele mais perde apoio.
– Mulheres: -13%, em janeiro face ao mês anterior
– Homens: -3%, em janeiro face ao mês anterior
Como são os dados por área geográfica e nível de escolaridade?
A cidade de Buenos Aires e a Grande Buenos Aires apresentam uma queda significativa. Enquanto no resto do país há maior confiança no Governo Milei desde o início. Isto é apoiado pela medição do último mês.
– Cidade de Buenos Aires: -5%
– Grande Buenos Aires: -5%
– Resto do país: +1%
No que diz respeito ao nível de escolaridade, aqueles com diploma superior ou universitário são os mais esperançosos. Por outro lado, a queda para quem atingiu o nível do ensino primário é a mais acentuada. Já no segmento da escolaridade, até ao ensino secundário a queda é menos abrupta.
– Primário: -17%
– Secundário: -3%
– Ensino superior/universitário: +1
Finalmente, a economia como farol
O índice de confiança no governo continua a ser mais elevado entre aqueles que acreditam que a situação econômica do país será melhor dentro de um ano, do que entre aqueles que pensam que será igual ou pior.
Porém, no último mês, os mais otimistas na vertente econômica registaram uma queda de confiança em relação ao governo Milei de 1%. Por outro lado, quem acredita que continuará igual marcou um aumento de 1%. Por fim, entre os mais desesperados com a economia, o ICG caiu 24%. (CNN Brasil)