Luan Monteiro, Jornal Opção
A poucos dias de se tornar pré-candidato à Presidência da República, o governador Ronaldo Caiado (UB) afirmou que não precisa de “aval” do ex-presidente Jair Bolsonaro e reforçou sua imagem de opositor ao governo Lula (PT).
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Caiado criticou a atuação do governo federal no combate ao crime. “Não é só uma República de roubo de celular. A verdade é que ele tem que entender que ele hoje está patrocinando a transição do Brasil de um Estado democrático para um Estado do narcotráfico”, diz.
Além disso, o governador disse que sua candidatura ocorreria independentemente do nome de Bolsonaro estar no páreo. “Não tem essa condicionante. Nunca teve. Estou aguardando, lógico, o desdobramento dos fatos, mas não pode ser um fator inibidor nem determinante. Ele tem toda a condição de buscar a liberdade dele. Isso foi dado ao presidente Lula e ele está com essa meta. Não tem um porquê de dizer que uma coisa tem vínculo com a outra”, afirmou.
No dia 4 deste mês Caiado vai lançar sua pré-candidatura no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia. Na mesa solenidade ele vai receber o título de cidadão baiano das mãos do ex-prefeito ACM Neto e do atual prefeito, Bruno Reis. “A partir de 4 de abril, já vou andar pelo Brasil. Esse é um processo que cada um vai colocar no tempo que achar certo. Como sou de um estado bem avaliado, mas que só tem 5 milhões de eleitores, tenho que caminhar. A única coisa que me cobram é que eu não sou conhecido”, continuou.
Caiado disse que conversou recentemente com o ex-presidente sobre a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Caiado é um dos que defendem a anistia.
“Em relação a esse problema de 8 de janeiro, deveria ter sido encaminhado com a mesma inteligência que o Juscelino Kubitschek teve, de anistiar todo mundo. Parar e trabalhar, em vez de ficar com essa discussão aí eterna por dois anos. Cansou a população. Não vejo o Brasil caminhar por um processo de conciliação, de harmonia e de governabilidade se continuar esse sistema conflagrado como está hoje”, disse.
Outro ponto citado pelo governador na entrevista é a possibilidade de uma federação entre seu partido, o União Brasil, e o Progressistas. Caiado afirmou que não decidiu ser pré-candidato “precipitadamente” ou “sozinho”, e acredita que a federação, que pode acontecer em breve, não prejudicará sua candidatura.
“Não fiz nada precipitadamente, nada sozinho. Na vida política, tem essas coisas mesmo: “eu acho que esse momento não é aquele e tal”. Só que é uma matéria que já tinha sido vencida. No dia 4, eu começo pela Bahia e depois vou continuar em outros estados do Nordeste”.
Tecendo críticas ao governo Lula, o governador afirmou ser “perseguido”. “Estou sendo perseguido. Onde as privatizações das rodovias estão sendo feitas excluíram as de Goiás. O Ceron [Rogério Ceron, secretário do Tesouro], que assessora o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, fez uma portaria exclusiva para vetar um empréstimo de R$ 700 milhões junto ao Banco Mundial, depois de ter sido aprovado pelo Tesouro e pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. As ações do governo são direcionadas não com um viés técnico, mas muito mais de retaliação a um governo que está dando certo. Então, ela [Gleisi] deve ter se confundido”, disse.
“O governo Lula já decidiu o lado dele. Durante um período, ele quis dar sinais para a centro-direita. Agora, ele já decidiu. Acho que ele resolveu assumir aquilo que ele é mesmo; já botou a Gleisi ali. Qualquer político que entende que pingo é letra sabe qual é a posição que ele vai tomar a partir de agora. Ele vai cada vez mais endurecer nessa linha, tentar voltar às suas origens e potencializar nessa estruturação de ministério os, como eles dizem lá, companheiros”, completou.
Segurança
Conhecido por sua gestão da segurança pública, Caiado disse que estados devem “se espelhar no modelo de Goiás”. “É um momento em que o governo federal estimula, fomenta, motiva esse processo de invasão [de terras] e que as nossas polícias estão preparadas para fazer com que o campo viva em paz e que não tenha nenhuma invasão e nenhum distúrbio social”, disse.
O governador acredita que o Brasil está “ocupado por facções” e que o país caminha para se tornar um “Estado do narcotráfico” devido a omissões do governo Lula. “Não é só uma República de roubo de celular. A verdade é que ele tem que entender que ele hoje está patrocinando a transição do Brasil de um Estado democrático para um Estado do narcotráfico, pela omissão dele”, afirma.
“É de um grau do território nacional ocupado pelas facções, do avanço sobre todo o setor econômico do país, destruindo as empresas, ameaçando as pessoas. Eu diria que hoje a droga está sendo um souvenir deles. Tudo isso está sendo disseminado. Em vez de dizer que é só o ladrão de celular, devia entender que estão hoje tomando todo o comando federal”, continua.