Brasília, 22/02/2025

Centro Carter diz em relatório final que as eleições na Venezuela não foram democráticas

O Carter Center publicou seu relatório final sobre as eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela na segunda-feira, 17 de fevereiro , no qual confirmou que o processo não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerado democrático.

No texto, a organização rejeita a falta de transparência na divulgação dos resultados e a aparente falsificação dos mesmos, e sustenta que esses fatos demonstram que as autoridades venezuelanas não foram capazes de cumprir os objetivos fundamentais em uma eleição democrática.

O relatório destaca que, apesar de o Acordo de Barbados estabelecer compromissos para melhorar as condições eleitorais, o processo eleitoral refletiu um claro viés a favor de Nicolás Maduro.

Para a organização, que enviou observadores a quatro cidades do país (Caracas, Valência, Barinas e Maracaibo) um mês antes das eleições, na Venezuela não há um arcabouço legal neutro, nenhum órgão eleitoral imparcial e transparente, nem liberdade para fazer campanha para partidos e candidatos e para informar a mídia.

Também não havia concorrência livre e justa, oportunidades plenas e iguais para observar o processo e mecanismos imparciais e eficazes para resolver disputas. A organização insiste, portanto, em recomendar que “as autoridades demonstrem respeito pela vontade dos cidadãos venezuelanos, permitindo uma revisão transparente e independente dos resultados” das eleições presidenciais na Venezuela.
“Os resultados eleitorais anunciados pelo CNE não puderam ser verificados de forma independente, o que constituiu uma grave violação dos princípios eleitorais e da lei venezuelana”, diz o relatório, que destaca a suspensão das três auditorias pós-eleitorais que poderiam ter verificado o suposto ataque cibernético sofrido pelo sistema, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Carter Center certifica que Edmundo González venceu as eleições presidenciais

Embora o CNE tenha declarado Maduro vencedor com 51,2% dos votos, em comparação com 44,2% de Edmundo González Urrutia, o relatório do Centro Carter destaca que o Poder Eleitoral poderia ter entregue os resultados por meios alternativos, mas se absteve; que as atas publicadas pela oposição são confiáveis ​​e que o número disponível confirma um resultado irreversível a favor da oposição.

A organização também acusa o governo de Nicolás Maduro de continuar com uma “ofensiva e restrições aos direitos políticos fundamentais, incluindo a liberdade de expressão, associação e movimento” de líderes da oposição e da sociedade civil.

Reações nacionais e internacionais ao que está acontecendo na Venezuela

A crise política que eclodiu após as eleições presidenciais foi acalmada pelo governo por meio de ações. A reeleição de Maduro não passou no teste dos observadores internacionais no local, nem do Centro Carter nem do Painel de Peritos das Nações Unidas. A CNE, por sua vez, também não dissipou as controvérsias.

Os protestos populares que ocorreram em mais de 350 cidades do país em rejeição aos resultados das eleições presidenciais anunciados pela CNE, e que foram rapidamente reprimidos pelas forças de segurança, também foram destacados no relatório.

O Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), controlado por Maduro, validou os resultados em uma decisão sem permitir revisão independente, o que consolidou a falta de reconhecimento das eleições pela comunidade internacional.

Conclusão e recomendações do Carter Center

O Centro Carter apela às autoridades venezuelanas que respeitem a vontade expressa do povo venezuelano por meio de uma revisão transparente e independente dos resultados.

A organização também pediu a alteração, revogação ou retirada de leis, projetos de lei e regulamentos que buscam restringir indevidamente a liberdade de expressão e associação, incluindo a Lei Antifascismo e Neofascismo; a Lei de Controle, Regulação, Funcionamento e Financiamento de Organizações Não Governamentais e Afins; e a Lei Orgânica de Defesa do Essequibo.

Abaixo estão os aspectos que o governo deve reconsiderar:

Os procedimentos de nomeação do CNE garantem maior apoio e confiança de todas as partes e partes interessadas.
A publicação de todas as informações relevantes de forma oportuna e sistemática, incluindo decisões da CNE e o calendário eleitoral.

Melhorar o treinamento dos funcionários das seções eleitorais para que haja menos probabilidade de eles serem substituídos no dia da eleição por indivíduos não treinados e partidários.

Publicação de critérios para a criação de novos centros de votação.

Organizar um registro eleitoral abrangente para migrantes venezuelanos sem restrições desnecessárias com base no status de imigração.

Eliminar o poder da Controladoria-Geral da União de inabilitar cidadãos para concorrer como sanção administrativa ou complementar, de modo que os direitos políticos só sejam suspensos por decisão judicial.

Adoção de uma lei que regule efetivamente o financiamento político, conforme recomendado em 2021.

Estabelecer requisitos legais claros para a realização de auditorias pré e pós-eleitorais e certificação de máquinas de votação eletrônica e processos de votação eletrônica para aumentar a integridade e a confiança no processo.

Estabelecer limites claros aos mecanismos de controle social dos eleitores e evitar a violação dos direitos dos eleitores, como pontos vermelhos para verificar se as pessoas votaram.(El Nacional)

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