Ronen Bar, chefe do serviço de inteligência interna de Israel, o Shin Bet, acusou nesta segunda-feira(21) o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de lhe exigir lealdade pessoal em uma declaração escrita sob juramento à Suprema Corte. Este é mais um episódio da crise vivida pelo governo Netanyahu, que tenta demitir Bar desde que este acusou o primeiro-ministro de corrupção.
O gabinete de Netanyahu chamou as acusações de Ronen Bar de mentirosas. Suas declarações representam a mais recente reviravolta em uma saga jurídica e política enfrentada pelo primeiro-ministro israelense. A demissão de Bar, anunciada pelo governo no final de março, mas suspensa pela Justiça, desencadeou uma onda de protestos em todo o país.
A medida do Executivo foi contestada pela procuradora-geral e pela oposição, que a consideram uma prova da guinada autoritária do governo Netanyahu.
Em 8 de abril, a Suprema Corte decidiu dar ao governo e à procuradora-geral um prazo para encontrar uma solução para a questionada demissão. O prazo expirou na Pessach, a Páscoa judaica que terminou em 19 de abril.
“Anunciarei a data da minha renúncia em breve”, disse Bar em sua declaração ao tribunal.
O documento, divulgado pela Procuradoria-Geral, contém várias acusações contra Netanyahu, incluindo a do pedido por lealdade. “Estava claro” que, no caso de uma crise constitucional, Netanyahu esperava que Bar obedecesse ao primeiro-ministro e não aos tribunais, escreveu o chefe do Shin Bet.
Bar também disse que Netanyahu lhe indicou “em mais de uma ocasião” que esperava que o Shin Bet tomasse medidas contra os israelenses envolvidos em protestos antigovernamentais, “com atenção especial ao monitoramento dos financiadores dos protestos”. O chefe do Shin Bet também confirmou relatos da imprensa de que Netanyahu havia pedido sua ajuda para atrasar seu depoimento em um julgamento por corrupção.
O chefe de Governo negou, em um comunicado, as acusações “cheias de mentiras” feitas por Bar e disse que ele “falhou” durante o ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023. Bar, no entanto, rejeita veementemente as acusações de que o Shin Bet não alertou o primeiro-ministro e outros serviços de segurança a tempo no dia do ataque.
Por volta das 3h da manhã de 7 de outubro de 2023, todas as agências de segurança receberam um alerta para “preparativos incomuns e a possibilidade de intenções ofensivas do Hamas”, destacou o Shin Bet.
Brasil de Fato com AFP