Durante 4 dias, entidades, grupos organizados, comuneros e militantes se reuniram em Caracas para coletar propostas para o plano de gestão do próximo mandato do presidente Nicolás Maduro. O Congresso do Bloco Histórico Bolivariano organizado pelo governo reforçou o que a gestão chavista chama de “democracia participativa”, com a orientação da gestão pautada pelas demandas da sociedade.
Maduro tomará posse em 10 de janeiro e terá até 2031 para executar o que estiver definido no plano de governo chamado de 7 Transformações. O documento propõe o desenvolvimento em sete áreas. Os eixos estão divididos em economia, social, política, meio ambiente e relações internacionais, além de dois tópicos mais conceituais: expandir a doutrina bolivariana e aperfeiçoar a convivência cidadã.
De 14 a 17 de novembro, os participantes apresentaram uma série de projetos que foram recebidos pelo governo e serão discutidos nas próximas semanas. De acordo com Maduro, as propostas serão sistematizadas e apresentadas junto ao plano das 7 Transformações em 10 de janeiro, na posse do presidente para o terceiro mandato que será realizada na Assembleia Nacional. Chamado de 7T, o plano será publicado já como uma lei que deve ser cumprida.
No discurso de encerramento do congresso, Maduro valorizou o plano de governo e disse que a forma de agrupar as propostas é inovadora e busca superar o “velho Estado zumbi burguês”.
“O Plano das 7T rumo ao futuro, um plano com grandes transformações estruturais na vida da sociedade, a realizar de forma simultânea e integrada, porque é um conceito inovador, que tem de ser assumido em sete dimensões fundamentais. Uma ofensiva simultânea, harmoniosa e até integrada, que deve ter o povo da Venezuela como protagonista nas diversas fases da organização”, disse Maduro no encerramento do evento.
O presidente se reuniu com os coordenadores do congresso para receber as propostas que foram elencadas no documento chamado de Agenda Concreta de Ações (ACA). O objetivo foi definir as linhas de ação e as estratégias para ampliar a territorialização das políticas públicas do governo. Uma das ferramentas para isso é o impulsionamento das comunas e dos conselhos comunais enquanto plataformas de debate político e de transformação das relações sociais na Venezuela.
Além do bloco histórico, a Venezuela tem também como forma de participação democrática direta a cada 4 meses a consulta popular das comunas. Nesse formato, eleitores indicam projetos de rápida execução que serão enviados ao Ministério das Comunas.
Ao todo, 6 mil delegados de todo o país participaram do congresso. O Bloco Histórico é uma conceito criado pelo filósofo Antonio Gramsci que implica uma concepção teórico-prática do materialismo histórico na superação do Estado como instrumento que pode ser usado por uma classe.
O congresso foi chamado de “5G + 7F = 7T”. O 5G faz referência às 5 gerações revolucionárias da Venezuela, o 7F ás 7 forças do país e o 7T são as 7 Transformações.
Desde que está no poder, Maduro diferenciou cinco gerações de jovens. A primeira ele chamou de precursores, aqueles que foram para a luta armada contra a ditadura nos anos 1960. Uma segunda geração são os fundadores, que estavam no processo revolucionário em 1998, quando Chávez é eleito.
O terceiro grupo é o intermediário, representado pelos fundadores da Juventude do PSUV e que hoje ocupam espaços de gestão, como ministérios e governos de Estado. A geração “tempestade” é a que cresceu em meio aos momentos mais difíceis da Venezuela, com aumento da crise e ataques externos. Esse grupo ainda conseguiu dar o primeiro voto em Chávez e foi chamada pelo ex-presidente, em 2012, de “a melhor geração de 500 anos de história”.
A juventude atual é chamada por Maduro de “geração genial”. Não teve contato com o ex-presidente e não tem lembrança específica de Chávez. (Brasil de Fato)