Brasília, 28/09/2024

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Depois de Lula, Petro sugere soluções para crise na Venezuela: ‘Fim das sanções’

Lorenzo Santiago – Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) 

Petro fez coro ao pedido de entrega das atas e também citou a necessidade de anistia geral nacional e internacionalPetro fez coro ao pedido de entrega das atas e também citou a necessidade de anistia geral nacional e internacional – Presidência Colômbia

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sugeriu nesta quinta-feira (15) soluções para resolver a crise envolvendo a Venezuela. O mandatário falou sobre a realização de novas eleições no país, pediu o “fim das sanções” contra o país e disse que a melhor saída para a situação venezuelana seria a criação de um acordo político interno.

Brasil, Colômbia e México iniciaram uma articulação para mediar a situação da Venezuela e manter um canal de interlocução com o presidente veenzuelano Nicolás Maduro. Os três governos publicaram duas notas conjuntas pedindo a publicação das atas eleitorais pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) e não pela Justiça do país. Os presidentes tinham uma ligação agendada no começo da semana para discutir saídas para a crise do país vizinho, mas foi cancelada por uma falta de horários nas agendas dos mandatários.

A conversa entre Lula e Petro surtiu efeito e os dois presidentes afinaram o discurso nesta quinta. O próprio assessor especial para relações internacionais do governo brasileiro, Celso Amorim, foi à Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal e afirmou que o governo brasileiro não reconhecerá nenhum governo sem a apresentação das atas eleitorais.

Ele também disse que “está muito clara a impaciência do presidente Lula” em relação à demora na divulgação das atas, mas que não seria prudente, em meio a uma negociação que envolve assuntos internos de outro país, estabelecer qualquer tipo de prazo para a apresentação das atas de votação. Amorim também reforçou que o isolamento não ajuda a resolver os problemas da Venezuela.

Petro e Maduro já haviam se encontrado em abril deste ano em Caracas. Na ocasião, o colombiano disse que seu país poderia ajudar na construção de uma “paz política” na Venezuela. Os dois tiveram uma reunião para discutir trocas comerciais, acordos econômicos, energéticos e estabelecer um diálogo permanente entre os dois países.

Eleições contestadas

processo eleitoral venezuelano está sob uma disputa judicial. A oposição contestou a eleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato. O grupo liderado pela ultraliberal María Corina Machado questiona o resultado e diz ter recolhido a cópia de 70% das atas eleitorais do país. O resultado, segundo a extrema direita, garantiria a vitória de Edmundo González Urrutia.

Isso, somado a denúncia de um ataque hacker pelo CNE, levaram Maduro a pedir uma investigação pela Justiça. O órgão eleitoral atrasou a divulgação dos resultados detalhados alegando que houve um ataque hacker contra o sistema eleitoral. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) investiga os supostos ataques, recolheu todo o material eleitoral do órgão e ouviu 9 dos 10 candidatos que disputaram o pleito. Só o opositor Edmundo González Urrutia não compareceu.

Os opositores de Maduro divulgaram em dois sites uma suposta lista das atas eleitorais. Em um deles, o usuário digitava o seu documento de identidade e aparecia supostamente a ata eleitoral da mesa que aquele usuário votou. No outro, havia um compilado com os dados de todas as atas que a oposição afirmava ter.

Mas eles não publicaram a relação completa das atas na Justiça venezuelana e nem entraram com processo pedindo a revisão ou a impugnação dos resultados eleitorais. Corina disse que seu candidato, Edmundo González, ganhou o pleito por larga margem, 70% a 30% de Maduro.

Depois do processo movido por Maduro, a Justiça convocou todos os candidatos para prestarem esclarecimento sobre as eleições do país. Edmundo González Urrutia não se apresentou ao TSJ e enviou como representante o governador de Zulia, Manuel Rosales. Em discurso depois da seção, Rosales disse que a oposição “não precisa entregar nada” e exigiu a entrega das atas eleitorais pelo CNE.

Nesse meio tempo, o candidato derrotado nas eleições publicou nota nas redes sociais pedindo que militares do país “desobedeçam ordens” e “respeitem o resultado das eleições”. No texto, Edmundo González autoproclama presidente da Venezuela.

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