Nesta quarta-feira (30), o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump denunciou “fraudes” em “uma escala nunca vista antes” na Pensilvânia, um dos estados-chave que decidirão o resultado das eleições da próxima terça-feira (5), insinuando que pode se recusar a reconhecer uma possível derrota, como já fez em 2020.
Na véspera, Trump havia afirmado, nas redes sociais, que “coisas muito ruins” estavam acontecendo neste estado, além de pedir à polícia que fizesse “seu trabalho, sem demora”.
Autoridades judiciais de um condado da Pensilvânia anunciaram na semana passada a abertura de uma investigação sobre um lote de 2.500 solicitações de inscrição eleitoral que continham informações de identidade incorretas. Verificações estão sendo feitas em outros condados do estado, segundo a imprensa local.
O republicano, que, segundo pesquisas, está empatado tecnicamente com Kamala Harris, pretender usar a retórica onde “cria o caos e alimenta as divisões e o medo” nesta reta final, acusou nesta terça-feira Josh Shapiro, governador democrata da Pensilvânia, em declarações à CNN.
Encorajados pelas acusações de fraude, apoiadores de Trump invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para tentar impedir a certificação da vitória de Biden. Na última terça-feira (29), Kamala Harris discursou no mesmo local em que o republicano fez declarações momentos antes da invasão ao Capitólio.
Deslize de Biden
O atual presidente dos EUA Joe Biden cometeu um rebuliço político nesta quarta ao chamar de “lixo” os seguidores de Donald Trump, a menos de uma semana das eleições presidenciais do país. O democrata falava sobre a polêmica que surgiu após um dos participantes do comício de Trump do último sábado (26) em Nova York dizer que Porto Rico é como uma “ilha flutuante de lixo”.
Os republicanos estão furiosos com o presidente por um comentário feito durante uma videoconferência com a ONG Voto Latino. “O único lixo que vejo flutuando por aí são seus seguidores”, disse Biden. “Sua demonização dos latinos é inconcebível e antiestadunidense”, acrescentou.
Depois do comentário, Biden tentou minimizar a questão na rede social X (antigo Twitter) dizendo que se referia “à retórica odiosa sobre Porto Rico lançada por um apoiador de Trump”. No entanto, o comentário se tornou um trunfo para o candidato republicano e uma pedra no sapato da vice-presidente.
“Joe Biden finalmente disse o que ele e Kamala realmente pensam sobre nossos apoiadores. Ele os chamou de lixo”, afirmou Trump em um comício na Carolina do Norte.Harris já se distanciou da declaração de Biden, pronunciando a jornalistas que “estou em desacordo com qualquer crítica às pessoas baseada em quem votam”, em coletiva perto de Washington.
Para a candidata democrata, o deslize representa um obstáculo justo quando ela tenta, de todas as formas, atrair o voto de republicanos descontentes com a retórica antimigratória de Trump e sua abordagem da democracia.
Vantagem democrata
Uma pesquisa da CNN estadunidense sobre estados-pêndulo divulgada nesta quarta mostra a democrata Harris a frente nos votos de Wisconsin e Michigan. A pesquisa mostra que, nos três estados-pêndulo, 4 entre 10 eleitores de Harris votarão na democrata movidos por oposição a Trump, e menos por apoiar as ideias da democrata, maior do que a parcela de eleitores de Trump que dizem estar votando predominantemente em oposição a Harris.
Em Wisconsin, a vice-presidente tem 51% dos votos, contra 45% de Trump. Em Michigan, a vantagem da democrata é de 48% sobre 43% do republicano.Na Pensilvânia, no entanto, os dois candidatos estão empatados em 48%. Este estado é considerado o mais importante dos pêndulos, visto que é o maior colégio eleitoral do país.
Em 2020, o ex-presidente perdeu para Joe Biden na Pensilvânia, estado-pêndulo mais importante nas eleições estadunidenses, por uma diferença de apenas 80 mil votos.
A seis dias das eleições nos Estados Unidos, os candidatos estão percorrendo os sete estados-chave que decidirão o resultado das eleições: Nevada, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Geórgia, Arizona e Carolina do Norte.
Nesta quarta-feira, Kamala fez um comício em Raleigh, capital da Carolina do Norte, estado onde os democratas não vencem desde Barack Obama em 2008, mas onde a vice-presidente deposita chances de vitória.
Ainda hoje, os dois irão para Wisconsin, a mais de 1.200 km da Carolina do Norte. Trump estará acompanhado no palco por Brett Favre, antiga estrela do time local de futebol americano.
Kamala seguirá depois para a Pensilvânia. A lista de artistas que a apoiam cresceu, com o ator e ex-governador republicano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger declarando apoio a Harris. Membros da banda The National também participarão de comício da candidata.