Brasília, 01/10/2024

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Ex-presidente colombiano: direita pretende criar ‘condições de ingovernabilidade’ na América Latina

Nos países da América Latina existe uma conspiração de direita com o objetivo de produzir “golpes suaves” que impossibilitem os governos progressistas de desenvolver programas benéficos para o povo, acusou o ex-presidente da Colômbia e coordenador do Grupo de Puebla, Ernesto Samper, em entrevista à Sputnik.
Questionado sobre as recentes publicações de meios de comunicação norte-americanos e europeus que apontam para uma suposta ligação do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador com o tráfico de drogas, o presidente da Unasul alertou sobre a ameaça de “setores neofascistas” que tentam influenciar politicamente toda a região.
“A grande ameaça são alguns setores que não estão interessados em que haja uma mudança; são setores que se concentraram economicamente e defendem os seus próprios interesses”, disse o ex-presidente colombiano.
Samper, advogado e economista que governou a Colômbia entre 1994 e 1998, garantiu que atualmente não é mais possível pensar na ocorrência de golpes de Estado sangrentos ou militares como os que ocorreram na América Latina na década de 1960, especialmente no Cone Sul, quando os militares chegavam à noite, tiravam os presidentes de seus palácios, colocavam-nos em um avião e os enviavam para o exterior ou os assassinavam, como no caso do presidente chileno Salvador Allende.
No entanto, diz ele, surgiu uma nova modalidade de intervenção.
“São golpes suaves que visam especialmente afetar a governabilidade dos países liderados por líderes progressistas de caráter progressista”, diz Samper.

‘Uma forma imprópria de intervenção’

Segundo Samper, o “golpe suave” contempla ações como o lawfare — a judicialização da política —, a semeadura de desconfiança no comportamento da economia, a promoção de conflitos internos entre forças militares ou a criação de conflitos institucionais.
“A isso podemos acrescentar a intervenção direta em campanhas de estigmatização ou demonização de projetos políticos progressistas”, considera.
Para o ex-presidente colombiano, os norte-americanos “têm uma condição e uma propriedade especial” para realizar esse tipo de ações que visam intervir diretamente nas campanhas e criar danos reputacionais em torno dos candidatos progressistas seja atuando contra o combate às mudanças climáticas, alegadas violações de direitos humanos ou para os resultados da guerra às drogas.
“É aqui que vejo esta nova campanha contra o presidente López Obrador, que curiosamente não teve importância nem apareceu durante os últimos cinco anos que governou”, observa.
Samper explica que medidas como a recentemente adotada pelo governo do Canadá para solicitar vistos aos mexicanos em plena campanha eleitoral para renovar a presidência, ambas as câmaras do Congresso, milhares de prefeitos municipais e nove governadores, entre outros cargos eleitos pelo voto popular, são ações unilaterais com objetivos próprios e promovidas por determinados grupos de interesse. (Sputnik)

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