Brasília, 04/05/2024

Brasília, 04/05/2024

Fila de espera para cirurgias eletivas preocupa pacientes da rede pública

Uma preocupação dos pacientes da rede pública é com a fila de espera para cirurgias eletivas. O Ministério da Saúde fez um acordo em março de 2023 com os 26 estados e o Distrito Federal para criar a fila nacional de cirurgias eletivas. Informações do Jornal Nacional.

Até janeiro de 2024, o programa realizou quase 650 mil operações agendadas que não tinham urgência, quase um terço de catarata; 37 mil pessoas fizeram cirurgia para retirar a vesícula, um aumento de 19% na comparação com o período anterior.

Mas, se de lá pra cá a fila andou, a lista de espera ainda segue longa. O ano de 2024 abriu com mais de 1,2 milhão pacientes nessa situação.

A massoterapeuta Ione Souza entrou na fila e esperava ser operada no mês passado de uma endometriose que se espalhou para o intestino. Não conseguiu por falta de um especialista. Agora, o caso se tornou de urgência.

“Tem 31 dias e a fila não andou, nenhuma pessoa foi chamada. É uma vida que acaba muito limitada por conta dos problemas, dos sintomas que eu tenho da doença”, lamenta ela.

 

O motorista executivo Antônio Barbosa também sofre com a espera. Ele descobriu que um tumor retirado do nariz é cancerígeno e que tem que voltar à mesa de cirurgia.

“Está na fila. Comecei na posição 75. Hoje eu olhei, está na posição 53. Todos os dias eu olho. E o que está travando não é falta de profissional de cirurgia plástica no hospital, o que está travando é que não tem anestesista”, diz.

A falta de médicos especializados nos hospitais públicos é mais crítica em alguns estados por causa da má distribuição dos profissionais pelo país. Segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos especialistas está concentrada no Sudeste do Brasil e há maior carência no Norte e no Nordeste.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirma que uma das prioridades do governo é dar uma rápida resposta ao que ela classifica de grandes vazios de especialistas no país, principalmente de anestesistas, cardiologistas e oncologistas.

“Isso é um dos gargalos e problemas quando pensamos na cirurgia. Nós temos um trabalho muito grande com o Ministério da Educação na área das residências médicas. Temos aumentado as residências e temos buscado um trabalho conjunto com algumas redes que são muito importantes, hoje, na relação com o Ministério da Saúde, a rede de hospitais universitários, para que eles também contribuam nesse processo de formação de especialistas”, ressalta.

 

Ana Maria Malik, pesquisadora do Centro de Estudos em Saúde da Fundação Getúlio Vargas, afirma que o Brasil pode usar a experiência com o programa de imunização para organizar um sistema nacional de informações sobre cirurgias.

“Se a gente conseguisse saber quem está na fila de que estado, de que serviço ou de que especialidade, isso ia ser mais fácil de a gente conseguir enxergar, né? Então isso tem a ver com transparência, tem a ver com as informações de que a gente dispõe e sistemas de informações em saúde, principalmente em um país como o nosso, é muito grande”, explica.

 

 

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