O Palácio do Planalto mudou o tom nas negociações com o Congresso sobre o equilíbrio das contas públicas. Segundo relatos de participantes, o governo passou a pressionar parlamentares por mudanças em isenções fiscais mantidas para setores de alta renda. Informações do IG.
Em reunião com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Hugo Motta(Republicanos) e Davi Alcolumbre(União Brasil), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad(PT), e outros membros do governo afirmaram que a responsabilidade fiscal não pode ser cobrada apenas do Executivo.
O encontro contou com a presença de lideranças da base governista. De acordo com um interlocutor da equipe econômica, “os cortes estruturantes sempre atingem os benefícios sociais” . A declaração foi feita ao Portal iG sob condição de anonimato.
Segundo ele, o governo quer que o Congresso assuma o ônus de rever benefícios tributários concedidos a grupos com maior poder econômico.
Diante da cobrança, os presidentes da Câmara e do Senado indicaram disposição em apoiar propostas que alterem isenções fiscais.
Em entrevista coletiva após o encontro, Motta declarou que o Legislativo está comprometido com a pauta.
Em troca, parlamentares insistem na necessidade de uma reforma administrativa. Haddad disse que concorda em avançar no tema, desde que haja medidas efetivas para reduzir os chamados supersalários em todos os poderes.
Preocupação do governo
O Ministério da Fazenda também demonstrou preocupação com a possibilidade de o Congresso derrubar a medida provisória que trata da reoneração do IOF( Imposto sobre Operações Financeiras).
Segundo a pasta, isso pode comprometer o equilíbrio do orçamento federal. Para evitar um impacto imediato, Haddad solicitou mais uma semana para apresentar alternativas de compensação.
Uma nova rodada de conversas com líderes partidários foi marcada ainda para esta quinta-feira. A expectativa é que as discussões avancem na tentativa de costurar um acordo que permita manter a arrecadação sem prejudicar programas sociais.
Nova estratégia
Nos bastidores, a avaliação de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) é de que a estratégia de permanecer na defensiva não vinha surtindo efeito. A nova orientação é cobrar o Congresso com a mesma intensidade com que o governo tem sido cobrado.
“Querer responsabilidade fiscal dos outros é fácil. Tem que dar o exemplo. O governo agora fará essas cobranças também” , afirmou a mesma fonte do Executivo.
Apesar do tom mais firme, o discurso público continuará sendo o da cooperação entre os Poderes.
A orientação do Planalto é manter a narrativa de que Executivo e Legislativo estão trabalhando em conjunto para garantir estabilidade fiscal e viabilidade das contas públicas.