247 – Em entrevista à Folha de S. Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), revelou que o PT garantiu o direito de indicar um nome para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) como parte do acordo para apoiar Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara. “O PT solicitou a indicação da bancada deles. Eles reclamam que politicamente nunca tiveram um representante no TCU”, afirmou Lira, destacando o compromisso firmado entre as partes.
O acordo político se torna ainda mais relevante diante das aposentadorias previstas de dois ministros do TCU, que abrirão vagas no tribunal até 2027. Segundo Lira, a promessa de uma indicação do PT ao TCU foi oficializada. “Com o PT, sim, de eles indicarem a vaga no TCU”, confirmou ele, trazendo à tona as complexas negociações que têm dominado a disputa pela presidência da Casa.
Em seu relato sobre a escolha de um sucessor para a presidência da Câmara, Lira afirmou que trabalhou para construir uma candidatura que unisse diferentes setores, mantendo discrição sobre os nomes. “Procurei trabalhar o tempo todo para construir uma candidatura que unificasse, que pudesse convergir”, comentou, reforçando que sua condução buscou diálogo entre partidos e unidade interna. “A Casa queria uma oportunidade de ter um candidato mais do meio”, explicou.
Além da vaga no TCU, Lira abordou outros temas centrais, como a criação de uma comissão especial para analisar o Projeto de Lei da Anistia sobre o 8 de janeiro. O parlamentar alegou que a questão vinha sendo “inapropriadamente usada para eleição na Mesa” e destacou a comissão como uma solução equilibrada para o debate. “Nós vamos dar a solução para isso dentro do meu mandato, conversando e ouvindo muito, como sempre faço”, disse.
Ao ser questionado sobre as chances de alianças com partidos como o PSD e o União Brasil, Lira se mostrou positivo. “Fiz questão de me referir ao [Antonio] Brito e ao Elmar, além de parceiros, como amigos de vida”, acrescentou, destacando a importância de manter relações sólidas e duradouras no ambiente político.
Na entrevista, Lira ainda comentou sobre a interferência entre os Poderes, uma questão sensível nos bastidores do Congresso. “A sobreposição de um Poder sobre o outro, seja ele qual for, é muito ruim”, afirmou, defendendo o equilíbrio entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
O movimento do PT para a vaga no TCU, a formação de blocos com o PL, partido de Jair Bolsonaro, e as articulações para a sucessão de Lira na Câmara evidenciam um cenário de alianças estratégicas e trocas de apoio. Lira encerrou a entrevista refletindo sobre sua trajetória política: “A política criou um estereótipo de que político bom é aquele que dá tapinha nas costas. Não minto, não blefo, faço a política reta”.