Brasília, 01/10/2024

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Lula compara resposta de Israel em Gaza à ação de Hitler contra judeus

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “genocídio” e “chacina” a resposta de Israel na Faixa de Gaza aos ataques terroristas promovidos pelo Hamas. Ele comparou a ação israelense ao extermínio de milhões de judeus pelos nazistas chefiados por Adolf Hitler no século passado.

Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou o que chamou de declarações “infundadas” de Lula. Para a entidade, a fala do petista é uma “distorção perversa da realidade” (leia aqui a íntegra do comunicado da Conib).

Israel Katz, ministro das Relações Exteriores de Israel, disse que as palavras de Lula “são vergonhosas e graves” e anunciou que falará sobre o tema com o embaixador brasileiro no país.

Lula deu as declarações durante entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou nos últimos dias da 37ª Cúpula da União Africana e de reuniões bilaterais com chefes de Estado do continente.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.

O petista fez a afirmação após ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que dá assistência a refugiados palestinos, a UNRWA.

Nos últimos dias, Israel acusou funcionários da UNRWA de envolvimento com ações terroristas do Hamas, o que motivou a suspensão de auxílio por parte de governos ocidentais.

Lula disse que, se houve um “erro” na UNRWA, que os responsáveis sejam investigados, mas afirmou que a ajuda humanitária não pode ser suspensa. Recentemente, o governo brasileiro anunciou que vai prestar auxílio à agência.

“Eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente. E qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que, na Faixa de Gaza, não tá acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse Lula.

O petista voltou a defender a criação de um Estado da Palestina “pleno e soberano”. E a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com o fim do poder de veto de países com assento permanente. Para Lula, o colegiado não tem conseguido mediar conflitos e promover a paz entre países em guerra.

Na entrevista, Lula reiterou que o Brasil condena o grupo terrorista Hamas, mas é “solidário” ao povo palestino. “O Brasil condena o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que Israel está fazendo na Faixa de Gaza”, concluiu.

Reação

A comparação da ação de Israel em Gaza à de Hitler contra judeus gerou rápida repercussão da comunidade israelita no Brasil.

Em nota publicada em uma rede social, a Conib afirmou que a fala de Lula “banaliza” o Holocausto – genocídio promovido na Segunda Guerra Mundial contra cerca de seis milhões de judeus.

Israel Katz, chanceler israelense, criticou a fala de Lula e afirmou que “ninguém prejudicará o direito de Israel de se defender”. Ele disse ainda que convocará o embaixador brasileiro para uma reunião. (G1)

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