Brasília, 03/10/2024

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Lula demite comandante do Exército. O substituto é o general Tomás Paiva

 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu neste sábado (21) o general Júlio César de Arruda do cargo de comandante do Exército. O substituto será o atual o comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva (foto). Ele comandava a região desde 2021.

Antes de ser demitido, Júlio César Arruda participou nesta sexta-feira (20) de uma reunião, no Palácio do Planalto, com Lula, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.
Foi a primeira reunião do presidente com os comandantes das Forças Armadas depois de Lula defender punição para militares envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Após o encontro, José Múcio Monteiro falou em “virar a página” dos atos golpistas. O ministro da Defesa disse também não ver envolvimento “direto” das Forças Armadas nos ataques em Brasília. Múcio afirmou também que os comandantes concordavam com a tomada de providências contra os militares eventualmente envolvidos nos atos.

Transição – Júlio César de Arruda havia assumido interinamente o comando do Exército em 30 de dezembro do ano passado, ainda no governo Jair Bolsonaro. Foi um acerto com a equipe de transição de Lula com a gestão anterior para que a troca do comando ocorresse antes da posse do novo governo.

Arruda foi confirmado no cargo pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no dia 6 de janeiro deste ano. No dia 8 de janeiro, bolsonaristas radicais invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Houve depredação e roubos no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional.

Em entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, na última quarta-feira (18), Lula disse que os serviços de inteligência das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) falharam e não o alertaram da possibilidade de ataques golpistas.

Além da crítica, Lula disse na entrevista que era necessário “não politizar” as instituições militares.

PERFIL DO NOVO COMANDANTE – O governo federal anunciou na tarde deste sábado (21) que o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva é novo comandante do Exército. O ex-comandante Militar do Sudeste substituirá o general Júlio César de Arruda , demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As 62 anos, Tomás Miguel Ribeiro Paiva chefiava o Comando Militar do Sudeste desde 2021, ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Experiente, ela era o segundo na lista de generais que poderiam se tornar comandantes na gestão do ministro José Múcio Monteiro, da Defesa.

Em 2019, ele havia assumido o posto de general de Exército, o mais alto da carreira militar. Na época, ele passou a integrar o Alto Comando do Exército, órgão colegiado onde são discutidos temas da Política Militar Terrestre e assuntos de interesse do comandante do Exército.

Carreira militar iniciada em 1975 – Nascido na cidade de São Paulo, ele iniciou a carreira militar em 1975, quando entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP), e foi declarado aspirante a oficial da Arma de Infantaria em 1981.

Atuou em misssão do Exército no Haiti como Subcomandante do Batalhão de Infantaria de Força de Paz e foi Comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de janeiro (RJ), em 2012.

Também já comandou o Batalhão da Guarda Presidencial, em Brasília (DF), e foi ajudante de ordens do Presidente da República no governo de Fernando Henrique Cardoso e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador.

O general também chefiou o Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília, quando o general Villas Boas comandou a força, e comandou a 5ª Divisão de Exército, em Curitiba (PR).

Em seu currúculo, Ribeiro Paiva também tem passagens como subalterno e comandante de companhia de fuzileiros no 7º Batalhão de Infantaria Blindado, em Santa Maria (RS), no 26° Batalhão de Infantaria Paraquedista, no Rio de Janeiro (RJ), e no 33° Batalhão de Infantaria Motorizado, em Cascavel (PR).

Também foi instrutor do Curso de Infantaria da Academia Militar das Agulhas Negras, Subcomandante da Companhia de Precursores Paraquedista, Ajudante de Ordens do Presidente da República e Assessor Militar do Brasil junto ao Exército do Equador. (G1)

Novo comandante do Exército defendeu democracia, alternância de poder e respeito ao resultado da urna em discurso

O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, anunciado neste sábado (21) após o presidente Lula demitir do cargo o general Júlio César de Arruda, havia feito, na última quarta-feira (18), um discurso no qual defendeu a democracia, a alternância de poder e o resultado das urnas.

O general falou a tropas num evento interno do Comando Militar do Sudeste, que estava sob seu comando. Na ocasião, ocorria uma homenagem aos militares mortos durante missão no Haiti, no terremoto de 2010. O vídeo com a fala de Tomás Miguel Ribeiro Paiva foi publicado na conta no YouTube do Comando Militar do Sudeste

“Nós vamos continuar íntegros, respeitosos, coesos e garantindo a nossa democracia. Porque democracia pressupõe liberdade, garantias individuais, políticas públicas e também é o regime do povo, alternância de poder. Alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna”, afirmou o general.

Veja abaixo o trecho do discurso do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva no qual ele defende a democracia e o respeito ao resultado da urna:

“Eu só consigo sentir orgulho. Eu só consigo sentir confiança. E eu fico sempre pedindo a Deus que me dê força para estar à altura da tropa que eu comando, pra estar à altura da tropa que eu comando, porque essa tropa que eu comando foi uma das tropas, ao longo da história, que mais perdeu vidas humanas em defesa do nosso amado Brasil.

Então, ser militar é isso, é ser profissional, é respeitar hierarquia e disciplina, é ser coeso, é ser íntegro, é ter espírito de corpo, é defender a pátria, é ter uma instituição de estado apolítica, apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar. É não ter corrente. I

sso não significa que o cara não seja um cidadão, que o cara não possa exercer seu direito de ter opinião. Ele pode ter, mas ele não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, muita gente dizendo “faça isso, faça aquilo”, mas ele faz o que é correto, mesmo que o correto seja impopular. Porque se as pessoas tivessem certeza de que iriam pra aquela missão que tinha risco de vida, como o pessoal falava em risco de vida, como tem vários companheiros aqui que passaram por outras missões com risco de vida… Não é qualquer um que vai pra isso, não. Não é qualquer um que topa essa coisa, não. Então, essa é a mensagem que eu quero trazer pra vocês.

No que pese turbilhão, terremoto, tsunami, nós vamos continuar íntegros, respeitosos, coesos e garantindo a nossa democracia. Porque democracia pressupõe liberdade, garantias individuais, políticas públicas e também é o regime do povo, alternância de poder. Alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa, tem que respeitar, é isso que se faz.

É essa convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta. Nem sempre é o que a gente queria, não interessa. Esse é o papel de quem é instituição de estado, instituição que respeita os valores da pátria” (G1)

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