Brasília, 03/10/2024

Brasília, 03/10/2024

Lula nega ter igualado responsabilidade de Rússia e Ucrânia na guerra e pede saída negociada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa antes de se reunir no Palácio de Belém ( Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (22) que nunca igualou responsabilidades de Rússia e Ucrânia ao comentar a guerra no leste europeu, que já dura mais de um ano. Lula deu declaração em Lisboa, depois de reunião com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.”Eu nunca igualei os dois países, porque eu sei o que é invasão, eu sei o que é integridade territorial. Todos nós achamos que a Rússia errou. E já condenamos em todas as decisões da ONU. Mas a guerra já começou e é preciso parar a guerra. E para parar a guerra tem que ter alguém que converse e o Brasil está disposto”, disse o petista em Portugal.

A posição externada neste sábado, no entanto, é diferente da que Lula vinha adotando nos últimos meses. Na semana passada, por exemplo, o petista disse que a Ucrânia – que foi atacada e invadida pela Rússia – tem responsabilidade pelo início do conflito.

O petista disse ainda que não vai visitar a Rússia e nem a Ucrânia enquanto não houver um clima de construção de paz. O presidente brasileiro afirmou, no entanto, que no momento nem Rússia, nem Ucrânia querem parar a guerra. E que é preciso encontrar uma solução “política e negociada”.

“No caso da guerra, a Rússia não quer parar, a Ucrânia não quer parar […]. É melhor encontrar uma saída em uma mesa do que continuar tentando encontrar uma saída no campo de batalha”, declarou.

União Europeia

Na entrevista, ao lado do presidente de Portugal, o petista foi questionado por uma jornalista portuguesa se mantinha a posição de que a União Europeia está contribuindo para a guerra na Ucrânia. Lula, então, afirmou que quem não fala em paz contribui para a guerra.

“Veja, se você não fala em paz, você contribui para a guerra. Eu vou te contar um caso: o chanceler Olaf Scholz foi ao Brasil e foi pedir para que o Brasil vendesse os mísseis para que ele doasse à Ucrânia. O Brasil se recusou a vender os mísseis, porque, se a gente vendesse os mísseis e esses mísseis fossem doados à Ucrânia, e esses mísseis fossem utilizados e morresse um russo, a culpa seria do Brasil. O Brasil estaria na guerra. E o Brasil não quer participar da guerra. O Brasil quer construir a paz”, declarou o presidente Lula.

Após visita à China neste mês, Lula afirmou que os Estados Unidos e a Europa estimulam a guerra ao ceder armas para a Ucrânia. As declarações geraram incômodo em países europeus e no norte-americano.

Os EUA consideraram que Lula estava reproduzindo visões russa e chinesa sobre a guerra. Ainda sobre o tema, o petista voltou a dizer neste sábado que o Brasil “condena” a violação à integridade territorial da Ucrânia promovida pela Rússia.

“O meu governo condena a violação à integridade territorial da Ucrânia. Defendemos uma solução política e negociada para o conflito. Precisamos criar um grupo de países que se sentem à mesa tanto com a Ucrânia como com a Rússia para encontrar a paz”, afirmou.

“A guerra não constrói absolutamente nada. A guerra só destrói. E eu não acho correto as pessoas ficarem em guerra”, emendou Lula.

  ‘Defendemos uma solução política e negociada para o conflito’, diz Lula sobre guerra na Ucrânia. Já o presidente Marcelo Rebelo disse que Portugal condena a invasão russa e prestou solidariedade ao povo ucraniano. Ele disse que há uma violação de princípios internacionais e da carta das Nações Unidas por parte russa.

“Portugal pensa que não é uma situação justa não permitir à Ucrânia defender-se e tentar recuperar território que foi invadido [pelos russos] com violação da integridade territorial e soberania do Estado”, afirmou Marcelo Rebelo.

 Outros temas

Lula também pregou o combate ao extremismo, à desinformação e ao desmatamento ilegal. “No Brasil, a gente vai criar uma certa regulamentação para evitar a disseminação da mentira na internet. É uma obrigação nossa lutar contra a desinformação, para isso precisamos de uma governança eficaz, que leve em consideração também a responsabilidade de empresas de tecnologia em combater conteúdos ilícitos”, disse.

“O Brasil será implacável no combate ao crimes ambientais. Vamos zerar o desmatamento até 2030, [e agir] contra o garimpo e contra os que atentam contra os povos indígenas”, acrescentou Lula.

E defendeu a composição de uma nova governança mundial com maior protagonismo para países emergentes. Lula também pregou o avanço nas relações comerciais entre Brasil e Portugal e defendeu o acordo entre Mercosul e União Europeia.

Questionado por um jornalista brasileiro, o petista evitou falar sobre a demissão do general Gonçalves Dias do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e disse que a criação da CPMI dos Atos Golpistas, proposta pela oposição, é uma “questão” do Congresso. (G1)

Gostou? Compartilhe!

Leia mais