Brasília, 28/09/2024

Brasília, 28/09/2024

Manaus tem empate técnico pelo segundo lugar, e voto útil pode decidir adversário de atual prefeito no 2º turno, diz analista

A última pesquisa Real Time Big Data sobre a corrida eleitoral para a prefeitura de Manaus (AM) aponta para vantagem do atual prefeito David Almeida (Avante). Segundo o levantamento, divulgado nesta terça-feira (24), Almeida tem 32% das intenções de voto.

O candidato à reeleição está bem à frente do segundo colocado, Roberto Cidade (União Brasil), que aparece com 22%, e empata tecnicamente com Amom Mandel (Cidadania), com 16%. Eles empatam no limite da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

A vantagem de Almeida pode ser explicada justamente por ele ser o atual prefeito, conta Verrah Chamma, professora de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e coordenadora do Grupo de Estudos sobre Representação e Participação Política (Gerpp).

“O prefeito tem a vantagem da máquina nas suas mãos. Ele vem crescendo consistentemente nas pesquisas desde maio até chegar a esse dado de 32%. E uma pesquisa que saiu hoje, da Perspectiva, que é um instituto aqui de Manaus, mostra que ele já está com 37,8%. Creio que esse cenário dificilmente se altera. Tem a máquina na mão, é um prefeito que tem feito bastante obras. Há um curso de um desmatamento da cidade muito elevado também, mas isso parece não preocupar os manauaras.”

A especialista considera surpreendente o crescimento de Roberto Cidade, que saiu das últimas posições para o segundo lugar. Ela acredita que o candidato do União Brasil é beneficiado por ter apoio do governador do Amazonas, Wilson Lima, do mesmo partido.

“O Roberto Cidade estava com 8% nas pesquisas, da mesma Quaest em maio, e vem crescendo de maneira quase vertiginosa, a ponto de chegar agora nessa pesquisa com 22%. A pesquisa da Perspectiva que saiu hoje [25 de setembro] de manhã lhe dá 21%. Ele saiu das últimas posições para chegar a esse segundo lugar. É o candidato do atual governador Wilson Lima e parece que a máquina toda do estado está sendo utilizada em favor dele, para que ele possa então crescer e se consolidar no segundo lugar”, avalia Verrah.

O terceiro colocado, que empata com Roberto Cidade, é Amom Mandel, que teve desempenho melhor nas pesquisas durante a pré-campanha eleitoral, lembra a professora da Ufam.

“A trajetória do Amom Mandel é também surpreendente, porque ele era um candidato que estava por volta dos 30%. E ele foi perdendo, derretendo o número de votos, a ponto de chegar agora com 16%. A pesquisa da Perspectiva lhe dá menos: 13,7%”, compara.

Segundo Verrah, o comportamento de Mandel faz com que as intenções de voto que tinha despencarem. “Ele está com discurso muito focado apenas na corrupção. Ele considera todos os candidatos corruptos, mas não aponta exatamente o que é, onde está essa corrupção. No debate do SBT, ele foi um pouco mais preciso, falou de uma corrupção envolvendo o atual prefeito [David Almeida]. Mas vem derretendo e acho muito difícil ele, inclusive, terminar em terceiro lugar”.

A professora cita o quarto colocado, conforme a Real Time Big Data, Capitão Alberto Neto (PL), que apareceu com 13% das intenções de voto, e pode acabar levando a melhor sobre Mandel. Nesta linha, a pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quarta-feira (25) aponta um cenário diferente e mostra o candidato do PL em segundo lugar, com 22,3%, atrás apenas do atual prefeito de Manaus, que tem 29,5%.

Em ambas as pesquisas, Marcelo Ramos (PT) está em quinto lugar. Na Real Time Big Data, o petista aparece com 7%, enquanto na AtlasIntel possui 9,5% das intenções de voto. A situação não surpreende, porque Manaus sempre foi uma região em que a direita teve mais força, explica a analista.

E talvez Ramos perca ainda mais votos por uma estratégia do eleitorado em tentar garantir um candidato não tão conservador no segundo turno, o que pode acabar favorecendo Amom.

“Temos dois nomes da esquerda. Um nem se pode chamar de propriamente esquerda – seria mais um centro. É o Marcelo Ramos, o candidato do PT, mas ele votou a favor da reforma da Previdência, por exemplo, e ele era do PL até romper com o Bolsonaro. Aliás, nunca aceitou o Bolsonaro e, por isso, saiu do PL. Mas ele já esteve em partidos de direita como PSD, por exemplo””, contextualiza.

“E o Marcelo Ramos vem perdendo os 14%, que é mais ou menos a fatia que o eleitorado de esquerda que o PT tem aqui em Manaus. A esquerda não é forte em Manaus, sempre foi uma região em que a direita teve muita força e ele então vem perdendo votos. Eu acredito que quem votaria no Marcelo Ramos vai acabar fazendo um voto útil no Amom, que é de centro. Não sei se posso considerar de centro-esquerda, mas tem essa agenda anticorrupção, ele é jovem, só tem 23 anos e fala a esse público jovem. Eu acho que está havendo um voto útil da esquerda no Amom para tentar fazer com que ele chegue ao segundo turno, mas muito difícil”. (Brasil de Fato) 

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