Brasília, 16/11/2024

Manuela D’Ávila sai do PCdoB após 25 anos e declara-se “mulher sem partido”

A ex-deputada federal Manuela D’Ávila anunciou que é uma “mulher sem partido” , após uma trajetória de 25 anos filiada ao PCdoB . A declaração foi feita durante um debate promovido pelo ICL na última quarta-feira (16), onde a ex-parlamentar refletiu sobre a crise enfrentada pelas legendas de esquerda no Brasil.

“Depois de 25 anos num único partido, eu não sou uma mulher sem partido por opção, eu sou por falta de opção, por falta de condições de qual caminho seguir. Esta é minha reflexão individual e coletiva daqueles que militam comigo”, disse a ex-parlamentar, que analisava a crise das legendas de esquerda nos últimos anos “Hoje sou uma mulher sem partido, por isso posso criticar todos eles.”

Durante o debate, ela foi questionada sobre a possibilidade de criar um novo partido de esquerda e abordou as dificuldades de diálogo dentro da própria esquerda sobre o enfrentamento ao bolsonarismo.

“O mínimo é o direito de debater com franqueza. Sinto certa obstrução. Cada vez que a gente abre uma mesa sobre como avançar na esquerda, a gente escuta: “Opa, estão ajudando o Bolsonaro.” Eu não tô. Quem nós nos tornamos nesse mundo em crise? Nos tornamos defensores de uma certa institucionalidade que nós, originalmente, deveríamos enfrentar”, declarou aos outros convidados.

Além de Manuela, participaram do debate figuras como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR), e intelectuais como Márcia Tiburi e Jessé de Souza.

Aos 43 anos, Manuela D’Ávila começou sua trajetória política na UNE e se filiou ao PCdoB no início dos anos 2000. Em 2004, ela se destacou ao ser eleita a vereadora mais jovem de Porto Alegre, aos 23 anos. Desde então, foi eleita para a Câmara dos Deputados em 2006, onde conquistou a reeleição e uma nova vaga no Legislativo gaúcho.

Ela tentou, sem sucesso, a prefeitura de Porto Alegre em três ocasiões, sendo a mais recente em 2020, quando chegou ao segundo turno contra o atual prefeito Sebastião Melo (MDB). Durante a recente crise das chuvas, Manuela criticou fortemente a gestão de Melo.

Ao longo de sua carreira, Manuela tem sido alvo de violência política. Em 2020, durante sua candidatura à prefeitura, ela precisou buscar proteção policial após receber ameaças direcionadas à sua filha, Laura.

Em 2022, a ex-deputada foi cogitada para uma vaga no Senado, mas decidiu não se candidatar, citando a “desunião da esquerda” no Rio Grande do Sul e uma série de ataques que sofreu nos últimos anos. “Ser uma mulher pública no Brasil significa viver sob constante ameaça. É conviver com ameaças de estupro e de morte como formas de silenciamento,” escreveu em uma publicação, denunciando a realidade difícil enfrentada por muitas mulheres na política. (IG)

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