Brasília, 01/04/2025

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Mianmar enfrenta novos tremores e número de mortos chega a 1,7 mil

Dois dias após ser devastado pelo pior terremoto de sua história, Mianmar sofreu novos tremores de magnitude 5,1 neste domingo (30), provocando pânico entre a população já traumatizada. Segundo os últimos dados da mídia estatal, mais de 1,7 mil pessoas morreram, 3,4 mil ficaram feridas e mais de 300 estão desaparecidas.

O abalo principal, de magnitude 7,7, ocorreu na sexta-feira (28) próximo a Mandalay, segunda maior cidade do país, deixando um rastro de destruição por todo o território. O cheiro de corpos em decomposição já toma as ruas de Mandalay, enquanto moradores trabalham incansavelmente sob um calor de 41°C para encontrar sobreviventes entre os escombros.

“É uma destruição generalizada – muitos edifícios desabaram no chão”, disse Han Zin, morador de Sagaing, cidade próxima ao epicentro, à agência Reuters. Ele acrescentou que grande parte da região está sem eletricidade desde o desastre e que a água potável está acabando. “Não recebemos ajuda e não há equipes de resgate à vista.”

O terremoto também atingiu a Tailândia. Na capital Bangkok, a 1,3 mil quilômetros do epicentro, um arranha-céu em construção desabou, deixando 18 mortos até o momento, segundo as autoridades tailandesas, que fazem buscas no local por ao menos 83 pessoas soterradas.

Corrida contra o tempo

As chances de encontrar sobreviventes diminuem a cada dia após as primeiras 24 horas. A busca por vítimas tem sido conduzida principalmente por moradores locais, que trabalham com as próprias mãos ou pás improvisadas devido à falta de maquinário adequado.

“Algumas estruturas permanecem instáveis enquanto trabalhamos”, disse à AFP um membro de equipe de resgate em Mandalay, que pediu para não ser identificado por questões de segurança.

A extensão total dos danos ainda é desconhecida, já que muitas regiões seguem inacessíveis para os serviços de resgate. “Hospitais estão com dificuldades de dar conta do influxo de pessoas feridas. Faltam suprimentos médicos, e as pessoas estão penando para encontrar comida e água potável”, afirmou Cara Bragg, gerente da agência humanitária Catholic Relief Services em Mianmar.

Obstáculos ao resgate

Governado por uma junta militar desde 2021, Mianmar enfrenta uma guerra civil contra os militares no poder, além de isolamento internacional e uma população que já tinha 40% vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial.

O terremoto agravou problemas preexistentes e criou novos desafios. A infraestrutura já precária foi severamente danificada, com estradas destruídas e pontes colapsadas. O aeroporto de Naypyitaw teve sua torre de controle derrubada pelos tremores, enquanto o  Aeroporto Internacional de Mandalay sofreu graves danos em seu terminal.

Além disso, serviços de eletricidade, telefone e internet permanecem fora de operação na maior parte das cidades atingidas. As instalações de saúde foram completamente destruídas ou gravemente danificadas

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou para uma “grave escassez de suprimentos médicos que está dificultando os esforços de resposta, incluindo kits de trauma, bolsas de sangue, anestésicos, dispositivos auxiliares, medicamentos essenciais e tendas para profissionais de saúde”.

Diante da gravidade da situação, grupos rebeldes anunciaram um cessar-fogo unilateral de duas semanas nas regiões afetadas pelo terremoto.

Ajuda internacional

A dimensão da tragédia levou a junta militar a aceitar ajuda internacional. Índia, Cingapura, Tailândia, Hong Kong, China, Rússia, Malásia e Indonésia estão enviando equipes e suprimentos para a região.

Duas aeronaves militares da Índia conseguiram pousar em Naypyitaw, trazendo um hospital de campanha e 120 profissionais que devem estabelecer um centro de emergência com 60 leitos no norte de Mandalay.

A China anunciou o envio de 17 caminhões com abrigos e suprimentos médicos, além de 135 funcionários e especialistas, e prometeu 13,8 milhões de dólares em ajuda emergencial. Já a Rússia mandou 120 equipes médicos, socorristas e suprimentos.

O Reino Unido comprometeu-se com outros 13 milhões de dólares para organizações parceiras em Mianmar.

A União Europeia disponibilizou 2,5 milhões de euros, enquanto a Irlanda prometeu 6 milhões de euros adicionais, divididos entre organizações da Cruz Vermelha e agências da ONU.

Brasil de Fato com  AFP e DW

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