Brasília, 08/01/2025

Morre Jean-Marie Le Pen, líder da extrema direita francesa e defensor do nazismo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Jean-Marie Le Pen em 2 de fevereiro de 2022 em sua casa em Rueil-Malmaison, a oeste de Paris – JOEL SAGET /AFP

Jean-Marie Le Pen, líder histórico da extrema direita na França, morreu nesta terça-feira (7) aos 96 anos, informou sua família em um comunicado enviado à agência AFP. Le Pen, que estava internado em uma casa de repouso há várias semanas devido à sua saúde debilitada, morreu ao meio-dia “cercado por sua família”, indicou a nota.

O político foi o fundador do partido Frente Nacional (FN) em 1972 e ficou conhecido pelos seus comentários de apoio ao nazismo, xenofóbicos e antissemitas. Ele chocou a França em 2002 ao ir para o segundo turno da eleição presidencial, que perdeu para o conservador Jacques Chirac.

Em declarações à revista de extrema direita Rivarol em 2005, Le Pen tentou justificar os “excessos” cometidos pelos nazistas durante a ocupação alemã na França, após a invasão do país em maio de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. A França só foi libertada da ocupação nazista em 25 de agosto de 1944, pelas tropas francesas e estadunidenses.

“Na França, pelo menos, a ocupação alemã não foi especialmente desumana, mesmo tendo havido excessos, inevitáveis em um país de 550 mil quilômetros quadrados”, disse Le Pen. “Se os alemães tivessem feito as execuções em massa que são ditas de forma geral, então não teria havido necessidade de campos de concentração para deportados políticos”, declarou o político extremista, defendendo abertamente o regime de Adolf Hitler, responsável pelo assassinato de seis milhões de judeus, extermínio em massa conhecido como Holocausto.

Em 2011, Jean-Marie Le Pen entregou as rédeas do partido à sua filha Marine Le Pen, que o rebatizou de Reagrupamento Nacional (RN) em 2018 e se esforçou para moderar a imagem da legenda.

Após o marco histórico de seu pai em 2002, Marine Le Pen também disputou o segundo turno presidencial em 2017 e 2022, vencido por Emmanuel Macron, mas se estabeleceu como uma política central na França. A extrema direita voltou a assombar a França em 2024, com grande força nas eleições parlamentares e precisou de uma grande aliança entre o centro e a esquerda no país para ser contida.

Apesar da tentativa de amenizar a imagem do partido, a filha de Le Pen também fez declarações contundentes de apoio ao regime nazista.

Candidata da extrema direita na eleição presidencial francesa de 2017, Marine Le Pen negou a responsabilidade do Estado francês na deportação de judeus durante a ocupação nazista. Ao todo, cerca de 75 mil judeus foram deportados da França para campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, sendo que apenas 2.500 sobreviveram. Cerca de 13 mil judeus foram deportados pela política francesa entre 16 e 17 de julho de 1942.

“Depois de ter servido no exército francês na Indochina e na Argélia, e como tribuno do povo na Assembleia Nacional e no Parlamento Europeu, esteve sempre ao serviço da França e defendeu a sua identidade e soberania”, escreveu na rede X o presidente do RN, Jordan Bardella, candidato de Le Pen para o governo francês durante as eleições parlamentares de 2024.

O histórico líder da extrema direita teve um problema cardíaco em abril de 2023 e um ano depois a Justiça nomeou as suas três filhas – Marine, Marie-Caroline e Yann – como suas representantes devido ao seu estado de saúde debilitado.

 B.d.F com AFP

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