Brasília, 03/10/2024

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PF vê Telegram é espaço de ‘dark web’, ocultando criminosos em aplicativo de fácil manuseio

A Polícia Federal descobriu uma articulação de grupos nazistas usando o aplicativo de mensagens Telegram para estimular a violência em escolas. Segundo a polícia, a plataforma permite que usuários ocultem seus dados, sendo difícil rastrear quem adota condutas criminosas. Nesta quinta-feira (26), depois que a plataforma se recusou a entregar dados de integrantes de grupos nazistas, a Justiça determinou a suspensão do Telegram no país.

“O ambiente é tão seguro para ocultação das identidades dos seus usuários que o aplicativo concorre com o também preocupante ambiente proporcionado na ‘dark web’, porém, com o atrativo de ser um aplicativo simples e de fácil manuseio para quem não detém maiores conhecimentos de informática, o que seria necessário para a utilização da deep web”, disse a PF em trecho do inquérito.

A “deep web” (“rede profunda”, em tradução livre) é como é conhecida a parte da internet que não pode ser encontrada em buscadores como Google e Bing, e sim por programas que funcionam como intermediários. A parte anônima da “deep web” é a chamada “dark web” (“rede escura”), que tem desde conteúdos de ativistas políticos até de criminosos virtuais.

A investigação sobre a articulação de grupos com discursos nazistas começou após o ataque em Aracruz, no Espírito Santo, que deixou quatro pessoas mortas. Durante a investigação, a polícia descobriu que o assassino fazia parte de um grupo com conteúdo nazista no Telegram. Além disso, foram encontradas fotos dele momentos antes do crime com uma suástica e um livro de Hitler.

Após a descoberta, a Inteligência da PF pediu à plataforma os dados dos organizadores e integrantes do grupo, mas o Telegram se recusou a entregar. O relatório da polícia, que o g1 teve acesso com exclusividade, explica que o aplicativo de troca de mensagens permite que o administrador de um grupo seja oculto e que integrantes possam ocultar suas informações, incluindo o número de telefone, sendo impossível rastrear os envolvidos. A maneira como a ferramenta funciona, segundo a polícia, tem facilitado a conduta criminosa.

Em pedido, PF diz que Telegram é 'ambiente seguro para ocultação de identidade de seus usuários' — Foto: Reprodução

Em pedido, PF diz que Telegram é ‘ambiente seguro para ocultação de identidade de seus usuários’ — Foto: Reprodução

Ao longo da investigação, a PF pôde acompanhar o grupo e percebeu que, após a portaria do Ministério da Justiça que obrigava as redes sociais a remover conteúdo sobre ataques a escolas, o grupo chegou a mudar de nome. Contudo, tanto com a medida quanto com o avanço de operações da PF que chegaram a apreender adolescentes com itens nazistas envolvidos em grupos na internet de estímulo a violência em escolas, a comunidade seguiu ativa no Telegram.  (G1)

 

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