O enviado especial do presidente dos EUA, Steve Witkoff, se reuniu nesta sexta-feira (11) com o presidente russo, Vladimir Putin, durante sua visita à Rússia para discutir a resolução da guerra ucraniana. O encontro aconteceu em São Petersburgo e durou mais de 4h.
Anteriormente, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, havia informado que a reunião entre o enviado de Trump e o presidente russo serviria para discutir os “aspectos do acordo ucraniano“, mas antecipou que a atual visita de Whitkoff à Rússia “não pode ser chamada de fatídica” e que nenhum avanço significativo deveria ser esperado da reunião.
Após o encontro, não foram fornecidos detalhes sobre os resultados das negociações. Foi a terceira viagem de Steve Witkoff à Rússia nos últimos dois meses.
Enquanto aconteciam as conversações entre Putin e Witkoff, a agência Reuters publicou, citando duas fontes anônimas, que Witkoff teria dito a Donald Trump que a maneira mais rápida de resolver o conflito ucraniano era a partir do reconhecimento das quatro regiões do leste da Ucrânia que Moscou anexou em 2022 (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhie) como territórios da Federação Russa.
A recomendação do enviado especial ao presidente dos EUA teria acontecido após o encontro entre Witkoff e o enviado de Putin, Kirill Dmitriev, na semana passada.
De acordo com a publicação, o enviado dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, que também estava na reunião entre Witkoff e Dmitriev, afirmou que Kiev nunca concordaria em ceder os territórios à Rússia, revelando visões conflitantes dentro da equipe de Trump sobre como buscar uma resolução para a guerra.
As regiões ucranianas anexadas pela Rússia durante a guerra – Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye – foram incorporadas à Constituição do país. No entanto, Moscou não tem o total controle dessas regiões, que ainda possuem presença militar ucraniana. Ao mesmo tempo, estes territórios não são reconhecidos pela grande maioria da comunidade internacional como parte da Rússia.
A Rússia declarou repetidamente que as regiões anexadas durante o conflito já fazem parte da Constituição da Rússia e representam parte da estratégia de segurança do país.
Trump diz que ‘Rússia deve se mexer’
Antes da reunião do seu enviado com Vladimir Putin, o presidente dos EUA, Donald Trump, fez um breve comentário sobre a guerra da Ucrânia nesta sexta-feira (11) em suas redes sociais, afirmando que “a Rússia precisa se mexer” para acabar com o conflito.
“A Rússia precisa se mexer. Muitas pessoas estão morrendo, milhares por semana, em uma guerra terrível e sem sentido — uma guerra que não deveria ter acontecido e não teria acontecido se eu fosse presidente!”, disse Trump na rede social Trut Social.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Donald Trump, conversaram por telefone em 18 de março, marcando uma nova etapa na relação entre os dois países e na busca de uma resolução para a guerra da Ucrânia após mais de três anos de conflito.
A abertura de diálogo representa uma virada em relação à maior crise política entre Rússia e EUA desde os tempos da Guerra Fria. A campanha presidencial de Donald Trump já apostava na resolução da guerra da Ucrânia e na normalização das relações com Moscou como uma das principais promessas de política externa.
No entanto, o caminho para a paz ainda enfrenta complexos obstáculos na interação entre Moscou, Kiev e Washington, sobretudo no que diz respeito às negociações sobre a questão territorial da Ucrânia e as constantes acusações mútuas e de violação da trégua a infraestruturas energéticas russas e ucranianas. (Brasil de Fato)