Brasília, 29/09/2024

Brasília, 29/09/2024

Rio Acre está a apenas 10 cm acima da cota de alerta para estiagem na capital

Dos varadouros de Rio Branco

Ainda estamos em maio e o nosso rio Acre se encontra a poucos centímetros de alcançar a cota de alerta para a estiagem – ou seja, o período de vazante e seca do manancial. De acordo com os dados da Defesa Civil, nesta quinta, 16, o nível estava em 3,12 metros na capital acreana. Como não houve registro de chuvas nas últimas 24 horas, o rio continua em tendência de seca. Assim, ele está a pouco mais de 10 centímetros de chegar ao alerta de vazante estabelecido, que é de três metros.

A situação é preocupante já que estamos em um mês que marca a transição do inverno para o verão amazônico. Mais uns dias e começamos a época seca, quando as chuvas ficam ainda mais escassas. O cenário é de preocupação ante o alerta de estiagem severa e prolongada para 2024. Além de colocar em risco o acesso da população à água potável, as condições climáticas previstas tendem a impulsionar as queimadas e os riscos de incêndios florestais.

Em Rio Branco, muitos bairros enfrentam dificuldades no serviço de fornecimento de água. Segundo o Saerb, o problema ocorre por problemas nas bombas de captação da ETA 1. Há registros de torneiras vazias em muitos bairros da cidade, sobretudo os localizados na parte alta. A autarquia disse que a falha ocorre por causa da quebra de uma bomba em virtude do baixo nível do rio – que é a única fonte de captação para abastecer Rio Branco e 90% dos municípios do Alto e Baixo Acre.

Em março, a capital acreana já tinha enfrentado problemas no serviço por causa da grande alagação – a segunda maior da história (17,89 m). Na ocasião, o grande volume de água dificultou o funcionamento das bombas de captação, e parte da estrutura da estação de tratamento ficou inundada. Um dos flutuantes onde ficam as bombas foi arrastado pela correnteza, ficando “retido” na estrutura da Ponte Metálica.

Nos últimos cinco anos, Rio Branco é fortemente impactada pelos eventos climáticos extremos – sejam eles as enchentes ou as secas. Durante os governos da dupla Jair Bolsonaro e Gladson Cameli (PP), a situação foi ainda mais crítica por causa da poluição do ar provocada pelas queimadas. O desmonte das políticas de proteção à natureza promovida pelos bolsonaristas levou todo o Acre a um colapso ambiental.

Para piorar, em 2020, veio a eleição de Tião Bocalom (PL) para a Prefeitura de Rio Branco. Uma de suas primeiras medidas foi enviar para a lixeira o Plano Municipal de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima (PMAMC) deixado por sua antecessora, Socorro Neri (PP). Caso o documento fosse colocado em prática, a capital teria melhores condições de responder a estes eventos climáticos – que passaram (e passarão) a ser mais recorrentes. (Varadouro)

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