Em sua terceira enchente sucessiva, rio Acre atingiu a cota máxima de 15,88m; na capital, mais de 30 mil pessoas foram atingidas pela alagação. Em Cruzeiro do Sul, rio Juruá permanece subindo, afetando bairros e comunidades ribeirinhas. Em Tarauacá, quase 50% da cidade foram afetados pelo transbordamento do manancial. Governo reedita decreto de situação de emergência.
dos varadouros de Rio Branco
Os rios das bacias que formam o estado apresentam diferentes níveis de comportamento, conforme o volume de chuvas em cada região. Em Rio Branco, por exemplo, o rio Acre apresentou sinais de vazante nas primeiras horas desta terça, 18. Após alcançar a cota de 15,88m às 18h de ontem (a maior registrada em 2025), o manancial amanheceu com 15,80m. Ao meio-dia, segundo a medição oficial, o nível era de 15,74m.
Apesar da vazante, os impactos da mais recente alagação (a terceira consecutiva) deixam marcas na cidade e na vida da população dos bairros localizados às suas margens. De acordo com o boletim da Defesa Civil, ao menos 31 mil pessoas foram atingidas, de alguma forma, pela enchente, o que representa 8,6 mil famílias na capital. Ao todo, 43 bairros foram atingidos.
Destas, 169 estão no abrigo mantido pela prefeitura no parque de exposições, enquanto outras 598 foram levadas para casa de parentes. Outras permanecem em casa enquanto a água não invade. Com a vazante, a sensação para elas é de alívio.
Os efeitos também são sentidos pelas comunidades ribeirinhas. Segundo a prefeitura, 2.198 famílias da zona rural (de 19 diferentes comunidades) foram afetadas pela alagação. Três comunidades ficaram isoladas. As alagações causam sérios prejuízos para estas famílias às margens do rio ao provocar a perda de seus roçados e criações.
Na região do Alto Acre – cuja quantidade de chuvas influencia diretamente no volume do manancial em Rio Branco – a situação é de estabilidade. Em Assis Brasil, hoje, o manancial registrava 4,90m; bem longe dos 11,30m da cota de alerta. Na região, a única alta observada foi em Brasiléia: de 6,13m para 6,60m. Na cidade, a cota de alerta é de 9,80m.
Com a trégua no Vale do Acre, as atenções se voltam para as demais bacias, como os Vales do Juruá, Tarauacá/Envira e Purus. Em Santa Rosa do Purus, o rio Purus alcançou a cota de alerta para transbordamento ontem, ao alcançar o nível dos oito metros. A tendência também é de elevação em Manoel Urbano. Da manhã de ontem para essa terça o Purus subiu mais de 40 cm.
Desde sábado, a parte baixa de Tarauacá foi tomada pelo transbordamento dos rios Tarauacá e Muru. Quase 50% do perímetro urbano do município ficaram inundados. Ontem, o manancial alcançou o nível de 10,66m; a cota de transbordamento é de 9,50m. A medição desta segunda apontava tendência de vazante, com o Tarauacá medindo 10,59m.
Já na vizinha Feijó, o rio Envira está acima da cota de alerta, que é de 11m. Nesta terça a medição era de 11,64m; 34 cm a mais do que ontem. Por enquanto não há relatos de impactos sobre a população urbana do município. O Envira se caracteriza por concentrar um dos maiores números de comunidades ribeirinhas e de povos indígenas do Acre.
Rio Juruá subindo
Quem também está em tendência de elevação é o rio Juruá, em Cruzeiro do Sul. De ontem para hoje a subida foi de 10 cm. Na cidade, o manancial está 62 cm acima da cota de transbordamento, que é de 13m. Em março, o acumulado de chuvas em Cruzeiro do Sul está acima dos 330 mm.
Segundo dados da Defesa Civil Municipal, já são 12 bairros atingidos pela alagação. Apesar da maioria das casas de palafitas estarem adaptadas às inundações, muitas tiveram o fornecimento de energia cortado por questão de segurança. De acordo com a concessionária, 157 imóveis estão sem luz. A prefeitura trabalha para fazer a remoção das primeiras famílias a partir desta terça.

Os impactos também afetam as comunidades ribeirinhas localizadas às margens do Juruá e seus afluentes, como o Valparaíso, o Croa, o Liberdade e o Juruá-Mirim. No município já são 11 vilas rurais atingidas.
No Alto Juruá o volume de água é expressivo; em Marechal Thaumaturgo o manancial media 11,52m. Uma redução de oito centímetros na comparação com ontem. Já em Porto Walter o comportamento foi de aumento do nível, saindo de 9,81m para 10m – que é a cota de alerta no município.
Este é o segundo ano consecutivo que o Vale do Juruá é atingido por uma inundação. Em 2024, a região enfrentou uma das maiores enchentes de sua história, afetando dezenas de comunidades ribeirinhas e os povos indígenas.
Governo reedita decreto de situação de emergência
O governo do Acre republicou, nesta terça-feira, 18, o Decreto de Situação de Emergência, em decorrência do aumento dos índices de chuvas e do nível dos rios e igarapés no estado, incluindo novos municípios afetados.
O Decreto nº 11.654, publicado no dia 10 de março de 2025, tem validade de 180 dias. Com a alteração, foram incluídas em situação de emergência as bacias hidrográficas dos rios Tarauacá, Abunã e Moa, além das bacias dos rios Acre, Purus, Envira e Juruá, que já estavam inseridas anteriormente.
De acordo com a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), o decreto institui situação de emergência de nível 2 no Acre, abrangendo os municípios de Feijó, Tarauacá, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Marechal Taumaturgo, Porto Acre, Rio Branco, Plácido de Castro, Mâncio Lima e Santa Rosa do Purus. (Com informações da Agência de Notícias do Acre)