Brasília, 29/09/2024

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Rússia avança no processo de retirada do Talibã da lista de organizações terroristas

O Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Justiça da Rússia instruíram o presidente russo, Vladimir Putin, a retirar o Talibã da lista de organizações terroristas do país. Atualmente o grupo é proibido na Rússia.

O movimento Talibã é classificado na Rússia como organização terrorista na Rússia desde 2003, quando seguiu a mesma decisão adotada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Apesar da sua proibição no país, as autoridades russas vinham mantendo contatos ativos com representantes do movimento e as suas delegações fizeram visitas regulares à Rússia.

O chefe do escritório político do Talibã no Catar, Suheil Shaheen, citado pela RIA Novosti, saudou “a proposta do Ministério das Relações Exteriores da Rússia e do Ministério da Justiça ao Kremlin de remover o status de organização terrorista do Emirado Islâmico do Afeganistão”.

Ele destacou que o Talibã valoriza muito a declaração do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov. “A Rússia segue a realpolitik [pragmatismo] e coloca os seus interesses nacionais acima de tudo”, acrescentou Shaheen.

Anteriormente, o chanceler russo, Serguei Lavro, destacou que o Talibã representa a “verdadeira autoridade no Afeganistão“. “O Afeganistão não é indiferente a nós. Não é indiferente aos nossos aliados, especialmente na Ásia Central. Portanto, este processo reflete uma consciência da realidade”, disse Lavrov.

Em agosto de 2021, o Talibã reassumiu o poder no Afeganistão após a retirada da ocupação militar dos EUA do país e da fuga do ex-presidente Ashraf Ghani para os Emirados Árabes Unidos. O grupo fundamentalista havia governado o Afeganistão entre 1995 e 2001, quando impôs uma visão radical da Sharia (lei islâmica que serve como diretriz para a vida de fiéis muçulmanos sunitas).

Entre as medidas adotadas pelo regime, obrigatoriedade de mulheres cobrirem todo o corpo com burkas, não poderem estudar, trabalhar  ou circularem desacompanhadas de homens. Ficaram proibidas músicas, TVs ou atividades culturais não religiosas. Isolado, o regime caiu por se recusar a entregar aos EUA  o chefe da Al Qaeda, Osama Bin Laden, acusado pelos ataques contra alvos estadunidenses de 11 de setembro de 2001.

O grupo havia nascido da resistência à invasão soviética nos anos 1980. Em outubro de 2021, Vladimir Putin disse que a Rússia estava “mais perto de tomar uma decisão” de retirar os talibãs da lista de organizações terroristas, mas esta decisão teria novamente de ser tomada na ONU. Na ocasião, Putin observou que a Rússia “coopera com representantes dos talibãs, convida-os a visitar Moscou e mantém contato com eles no próprio Afeganistão”.

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