Brasília, 29/09/2024

Brasília, 29/09/2024

Conselho Nacional Eleitoral proclama vitória de Maduro na Venezuela

Sob desconfiança da comunidade internacional e com apenas 80% das urnas apuradas, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, órgão máximo eleitoral do país, proclamou na tarde desta segunda-feira (29) a vitória de Nicolás Maduro na eleição realizada neste domingo (28).

A proclamação ocorre menos de 24 horas após o fechamento das urnas e dá a Maduro seu terceiro mandato como presidente. O líder venezuelano poderá completar 17 anos no poder – mais do que seu antecessor Hugo Chávez, que governou a Venezuela por 14 anos.

A oposição denuncia fraude no processo e diz que o vencedor foi Edmundo González. O bloco liderado por Maria Corina Machado, impedida de disputar a eleição, cobra a divulgação das atas eleitorais, documentos que registram os votos em cada local de votação.

O CNE, comandando por um aliado de Maduro, proclamou a vitória do presidente sem apresentar as atas. A demora para divulgar os primeiros resultados, que saíram somente na madrugada, também levantou suspeitas. O conselho eleitoral diz ter sofrido um ataque hacker que afetou a contagem de votos. O site da instituição saiu do ar.

A oposição acusa o órgão de ocultar as atas para maquiar o resultado e argumenta que as pesquisas de boca de urna apontavam vitória de González sobre Maduro com folga.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, também aliado próximo de Maduro, disse que o suposto ataque hacker teria partido da Macedônia do Norte e anunciou que Maria Corina Machado será investigada por tentar fraudar o sistema eleitoral.

Resultados e desconfiança

Segundo o CNE, Maduro teve 51,2% dos votos, contra 44% de Edmundo González. O resultado indica uma diferença de 704 mil votos. A última atualização foi na madrugada, quando o site do CNE saiu do ar – como os dados finais ainda não foram divulgados, esses números devem mudar.

A oposição estima que González teve 70% dos votos. Resultados de duas pesquisas de boca de urna divulgadas pela agência Reuters no domingo indicavam uma vitória do opositor com ampla vantagem.

Em breve discurso ainda no domingo, González disse que “não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada”.

Autoridades de Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, Argentina, Chile e Uruguai, entre outros países, cobraram transparência e não reconheceram a vitória de Maduro.

Por outro lado, o presidente venezuelano já recebeu os cumprimentos dos governos de Rússia, China, Irã, Catar, Cuba, Honduras, Bolívia e Nicarágua. Veja quem contesta e quem reconhece a vitória de Maduro.

O Brasil ainda não se posicionou. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que espera a divulgação das atas eleitorais, o que considera um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.

Conselho diz que 59% dos eleitores votaram

 

De acordo com o CNE, 59% dos eleitores participaram da votação – 13 pontos acima dos 46% registrados em 2018, quando Maduro conquistou seu segundo mandato em um pleito marcado por denúncias de fraude, boicote da oposição e alta abstenção.

Após a divulgação dos resultados, diversas autoridades internacionais questionaram o anúncio de vitória de Maduro e pediram uma contagem transparente dos votos (veja lista).

Por outro lado, presidentes de países como Rússia, Nicarágua e Cuba parabenizaram Maduro pela vitória. Veja quem se manifestou a favor do atual presidente.

Oposição quer contagem paralela

O anúncio do CNE ocorreu após horas de indefinição (em 2018, os resultados foram divulgados no mesmo dia da eleição). A oposição alegou que o governo estava impedindo o acesso às atas de votação e pediu que a população faça vigília em família nos locais de votação para checar os resultados.

Em sua primeira coletiva de imprensa para divulgar o primeiro boletim com resultados parciais das eleições, o CNE atribuiu a demora a uma “agressão ao sistema de transmissão de dados que atrasou de maneira adversa a transmissão dos resultados dessas eleições presidenciais”.

“Nas próximas horas estarão disponíveis na página do Conselho Nacional Eleitoral os resultados mesa por mesa, tal como historicamente temos feito graças ao sistema automatizado de votação. Igualmente, se entregará às organizações com fins políticos os resultados em um CD, conforme a lei”, afirmou o CNE. (G1)

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