Relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) disse, na tarde desta quinta (21), que o trabalho do colegiado foi essencial para embasar as ações da Polícia Federal (PF) que resultaram no indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A lista com os nomes foi divulgada pelo órgão nesta quinta e inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente nacional do seu partido, Valdemar Costa Neto, entre outros aliados.
“Dos 37 investigados, 11 constam [enquadrados] nas três linhas [de investigação] que adotamos na CPMI, que foram: o braço politico [da tentativa de golpe]; o envolvimento de militares de alta patente, inclusive das Forças Armadas; e o envolvimento dos financiadores. Então, todos eles foram abarcados nas últimas operações que ocorreram por parte da PF”, disse Eliziane Gama. A senadora também foi questionada sobre o que espera do atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, após os indiciamentos revelados pela PF.
“O Gonet sempre foi simpático em nos receber, inclusive ao receber o relatório [da CPMI], e a informação que ele nos passou foi de que também estava considerando as informações do relatório. Pra nós, isso foi um dado muito importante. Claro que as denúncias poderão vir, e a gente está aguardando. Acredito que o conjunto probatório da CPMI vai dar elementos substanciais pra prováveis indiciamentos. Acho que o papel da PGR tem sido muito importante. Não adianta às vezes ter uma certa pressão no sentido de dar um resultado imediato. O que precisamos é ter resultados concretos”, disse a relatora.
A CPMI do 8 de janeiro foi, ao longo do ano passado, um dos principais polos de disputa entre bolsonaristas e personagens do campo progressista no Congresso Nacional. “A CPMI teve uma investigação muito aprofundada, trouxe elementos fundamentais pro que estamos acompanhando hoje. Acho que o apoio politico, o apoio estrutural que a CPMI deu, envolvendo a sociedade brasileira e fazendo um aprofundamento de investigação, foi vital pro que estamos acompanhando hoje”, reforçou a ex-relatora. (Brasil de Fato)