“Não, eu dei ordem: deixa acontecer, está na hora de acabar isso, para ver se esses caras sossegam. Eles esperam dois anos e se candidatam. Eles sabem que não tem mais condições de vencer uma eleição no Corinthians. Eles, esses grupos, essas pessoas que não estão mais aqui por incompetência e saem falando abobrinha. Vocês vão ver no final. Vamos ver quem deve algo. Clube tem órgãos competentes, não preciso ir para a imprensa, resolve dentro do clube. Essas pessoas que fazem mal têm que ser expulsas do Corinthians”, disse Augusto Melo em contato com a imprensa, após a vitória do Corinthians sobre o Velo Clube.
No documento enviado aos conselheiros, a reunião é ordenada com as seguintes pautas:
a) Palavra do Presidente do CD para expor os motivos da convocação;
b) Deliberação sobre o motivo da Convocação da Reunião;
c) Palavra do Presidente da Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo pelo tempo regimental para leitura e sustentação do parecer da Comissão;
d) Palavra facultada à Defesa pelo tempo regimental para sustentação oral do Presidente da Diretoria ou de seu representante legal;
e) Votação em escrutínio secreto pela Destituição ou não do presidente da diretoria;
f) Proclamação do resultado e providências estatutárias, em sendo o caso.
Augusto lamentou a votação de impeachment, entre outras coisas, pela possibilidade de uma “quebra de um planejamento que o Corinthians não tinha há muito tempo”. O mandatário também reforçou que o clube é “vítima” no acordo feito com a ex-patrocinadora VaideBet.
“Mais uma vez uma tentativa de golpe, querem o poder na mão grande, não vai acontecer. Se querem o poder, daqui a dois anos tem eleição, como fiz, e atropela. Tem que para isso. Corinthians está em uma situação favorável, temos um planejamento muito bom que não via há muito tempo. Está na hora desses caras pararem de ser tendenciosos, e querer, sabe, todo mundo no clube sabe as pessoas que estão articulando, quem está por trás disso, desse golpe para tomar a cadeira. Ganhamos a eleição democraticamente. Se querem a cadeira, daqui a dois anos tem eleição. Querem julgar uma pessoa que nada tem a ver com a história que quer fazer o melhor. Aí acaba o processo, não tem nada, e aí? Julgaram, impicharam a gente, o que acontece daqui a dois meses? Qual a justificativa que vão dar para o torcedor? Nossos credores e colaboradores sabem quando vão receber. É isso que querem? Por que tanta pressa fazer isso, esperar em um mês o inquérito acaba. O Corinthians é vítima, querem tomar na mão grande, opinião publica está conosco, clube social está conosco. Está na hora de dar um basta, não são corintianos, estão lá pelo poder”, complementou.
Entenda os motivos
No dia 12 de agosto de 2024, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).
Posteriormente, Augusto e pessoas que são ou foram ligadas à gestão foram ouvidas pela Comissão de Ética. Além do presidente, Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol) foram investigados internamente.
Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicita a destituição de Melo.
O documento, de autoria do “Movimento Reconstrução SCCP”, conteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação fosse apreciada pelo presidente do CD.
O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.
Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:
b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.
d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.
Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:
-“Laranja” na intermediação da VaideBet.
-Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.
-Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.
-Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.-Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.
No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes” e ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido “ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.